DESPONDENCY
Deixá-la
ir, a ave, a quem roubaram
Ninho
e filhos e tudo, sem piedade...
Que
a leve o ar sem fim da soledade
Onde
as asas partidas a levaram...
Deixá-la
ir, a vela, que arrojaram
Os
tufões pelo mar, na escuridade,
Quando
a noite surgiu da imensidade,
Quando
os ventos do Sul se levantaram...
Deixá-la
ir, a alma lastimosa,
Que
perdeu fé e paz e confiança,
À
morte queda, à morte silenciosa...
Deixá-la
ir, a nota desprendida
D'um
canto extremo... e a última esperança...
E
a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!
ANTERO DE QUENTAL
Poesias
Diversas, Capítulo VI
1864.
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