CRÓNICA
FEMININA
estava
nua, só um colar lhe dava
horizontes
de incêndio sobre o peito,
a
transmutar, num halo insatisfeito,
a
rosa de rubis em quente lava.
estava
nua e branca num estreito
lençol
que o fim do sono desdobrava
e
a noite era mais livre e a lua escrava
e
o mais breve pretérito imperfeito
só
o tempo verbal lhe fugiria,
no
alongar dos gestos e requebros,
junto
do espelho quando as aves vão.
toda
a nudez, toda a nudez, toda a melancolia
a
dor no mundo, a deslembrança, a febre, os
olhos
rasos de água e solidão
VASCO
GRAÇA MOURA
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