O papa Francisco chegou este sábado a Cuba, primeira etapa de uma viagem que o levará também aos Estados Unidos, os dois países que contaram com o seu apoio para restabelecerem relações diplomáticas.
Segundo Federico
Lombardi, porta-voz do Vaticano, à chegada a Havana, cidade onde inicia uma visita de quatro dias à ilha de Cuba, Francisco foi saudado nas
ruas de Havana por cerca de cem mil pessoas.
Tendo ainda instado Cuba e os
Estados Unidos "a avançarem" na normalização das relações bilaterais
e a "desenvolverem todas as suas potencialidades", o Papa Francisco declarou:
"O mundo
precisa de reconciliação nesta atmosfera de terceira guerra mundial que estamos
a viver, somos testemunhas de um acontecimento que nos enche
de esperança: o processo de normalização das relações entre os dois países,
depois de anos de distanciamento. É um processo, um sinal da vitória da cultura
do encontro, do diálogo”.
Antes do discurso do
papa, o Presidente de Cuba agradeceu a Francisco o seu apoio no
restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos:
“Um primeiro
passo no processo de normalização das relações entre os países que permitirá
resolver problemas e reparar injustiças. O bloqueio, que provoca danos humanos e privações às
famílias cubanas, é cruel, imoral e ilegal. Deve cessar”, disse Raúl Castro, no
discurso proferido logo à chegada do papa ao aeroporto de Havana.
Francisco iniciou assim uma das viagens mais longas e delicadas do
pontificado, que o levará à praça da Revolução, em Havana, ao Congresso dos
Estados Unidos, em Washington, e à ONU em Nova Iorque.
O papa foi recebido em casa de Fidel Castro, em Havana, num “ambiente muito
familiar e informal”, tendo o encontro durado cerca de quarenta minutos na
presença de vários familiares do líder histórico de Cuba, afirmou o porta-voz
do Vaticano, Federico Lombardi.
No encontro, Francisco e Fidel Castro falaram sobre vários temas da
atualidade, em particular sobre o meio ambiente, e houve troca de ofertas
literárias.
O papa Francisco ofereceu a Fidel Castro um livro sobre a relação entre
humor e religião e a encíclica “Laudato si”, sobre o meio ambiente, e recebeu a
obra “Fidel y la religión”, com uma entrevista que o teólogo brasileiro Frei
Betto lhe fez em 1985.
Com uma agenda muito carregada, o papa argentino, de 78 anos, vai
pronunciar 26 discursos: oito em Cuba e 18 nos Estados Unidos.
Até terça-feira, o papa estará em Cuba, com passagens por Havana, Holguin e
Santiago, para encontros com jovens, famílias, bispos e o líder
histórico do regime Fidel Castro.
Três visitas papais em 17 anos mostram a atenção excecional do Vaticano a
este país, onde o regime e a Igreja católica se congratulam com o apoio do papa
à normalização das relações diplomáticas com os Estados Unidos.
O avião papal levará diretamente Francisco de Havana à base militar de
Andrews, em Washington, onde será recebido pelo presidente Barack Obama.
Nos Estados Unidos, os dois momentos mais esperados serão os discursos, em
inglês, no Congresso, em Washington e em espanhol na assembleia-geral das
Nações Unidas, em Nova Iorque.
Ainda em Washington, Francisco vai canonizar o missionário espanhol
Junipero Serra, que participou no século XVIII na evangelização da Califórnia
(costa oeste).
Em Nova Iorque, o papa vai presidir no “Ground Zero” a uma cerimónia
inter-religiosa contra o terrorismo e em memória das vítimas dos atentados de
11 de setembro de 2001. Na última etapa, em Filadélfia (Pensilvânia), Jorge
Bergoglio vai presidir ao encerramento do oitavo Encontro Mundial das Famílias
católicas. Cerca de dois milhões de pessoas são esperadas para a missa final,
ao ar livre, de acordo com as previsões da organização.
Bem haja, Papa Francisco, por mais esta peregrinação pela paz, amor e renovação. Obrigada.
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