segunda-feira, julho 18, 2011

O ÚLTIMO HABSBURGO (1912-2011) - Arquiduque Otto de Habsburgo











Batizado Francisco José Otto Robert Maria António Carlos Marx Henrique Sexto Xavier Félix Renato Luís Caetano Pio Inácio da Áustria, faleceu no passado dia 4 deste mês de julho, aos noventa e oito anos de idade, na sua casa da pequena cidade de Pöcking, nas margens do lago Stamberg, no sul da Alemanha.

Arquiduque Otto de Habsburgo e esposa Regina de Saxe-Meinigen e
Hildburghausen

Otto Morava na Baviera, na Alemanha, e tinha nacionalidade alemã, austríaca, húngara e croata. Apesar do seu nome oficial ser Otto de Habsburgo, as autoridades austríacas referiam-se a ele como Otto de Habsburgo-Lorena. Também era chamado de Arquiduque Otto da Áustria, Príncipe-Herdeiro Otto da Áustria e, na Hungria, Habsburg Ottó. Era também um pretendente em potencial ao título de Rei de Jerusalém.
Imperador Carlos I, esposa e filhos, estando Otto junto
a sua mãe.

Filho mais velho de Carlos I, último imperador da Áustria e último Rei da Hungria, e de Zita de Bourbon-Parma, nasceu perto de Viena, em Reichnau an der Rax, na Baixa Áustria. Era membro do Parlamento Europeu pelo partido União Social Cristã da Baviera (CSU) e Presidente da União Internacional Pan-Europeia.

Em Novembro de 1916, Otto tornou-se príncipe-herdeiro Império Austro-Húngaro, quando seu pai ascendeu ao trono. No final da Primeira Guerra Mundial, ambas as monarquias foram abolidas e substituídas pelas repúblicas da Áustria e da Hungria.

A família real foi forçada ao exílio, apesar de Carlos nunca ter abdicado do trono. De de facto a Hungria voltou a ser uma monarquia, mas Carlos foi impedido de reinar. Em seu lugar, o trono foi mantido vago e criou-se uma regência permanente sob o almirante Miklós Horthy, até 1944.

A família de Otto passou os anos seguintes na Suíça e, mais tarde mudou-se para a Ilha da Madeira, onde Carlos veio a falecer prematuramente em 1922. Com isso, e apenas com dez anos de idade, o Arquiduque passou a ser o pretendente ao trono, situação que permaneceu até à data da sua morte. Entretanto, o parlamento austríaco expulsou oficialmente a dinastia Habsburgo e confiscou todas as propriedades da Coroa Imperial pelo ato Habsburgergesetz de 3 de abril de 1919.

Familiares nas cerimónias fúnebres do Arquiduque
Otto de Habsburgo

Em 1935, Otto graduou-se em Ciência Política e Ciências Sociais pela Universidade Católica de Leuven. Em 1940, Otto é uma das dezenas de milhares de pessoas a quem o cônsul português Aristides de Sousa Mendes concede o visto de saída da França, no momento da invasão nazi.

O próprio Arquiduque Otto refere, de modo sucinto, como fizeram chegar ao consulado português de Bordéus os passaportes da família imperial e respectiva comitiva, bem como muitos outros de cidadãos austríacos e de como Sousa Mendes os carimbou sem qualquer objeção.

Nos anos trinta, algumas forças políticas tentaram reconduzir Otto no poder como monarca constitucional, para combater a influência da Alemanha nazi. Muito ativo na resistência contra Hitler, passou os anos da Segunda Guerra Mundial entre a França e os EUA, sempre ameaçado de execução por parte dos nazis.

Mesmo renunciando oficialmente ao trono em 1961, o Arquiduque Otto não conseguiu retornar ao seu país e só em 1972 conseguiu ser aceite pelos republicanos. Entre 1979 e 1999 foi de deputado no Parlamento Europeu.

Cinzas do coração de Otto de Habsburgo

Participou ativamente na queda do comunismo em 1989, após a queda da Cortina de Ferro e pediu a integração rápida destes países na UE, um sonho que não conseguiu ver concretizado em 2004, aos 91 anos. Manteve-se como eurodeputado por cerca de duas décadas. O presidente da UE, Durão Barroso, durante as cerimónias fúnebres do seu funeral, prestou-lhe a sua homenagem declarando "Estar a  homenagear um grande europeu".

O corpo do filho de Carlos I, último membro desta agora extinta casa real, a lendária dinastia do imperador Franz Joseph e sua amada  imperatriz "Sissi", foi sepultado na cripta imperial de Viena, ao lado da maioria dos membros da família de Habsburgo, com grande pompa e assistido pela quase totalidade da nobreza europeia.
Último adeus do Arquiduque Otto de Habsburgo





Mas o seu coração, segundo a vontade expressa do próprio Arquiduque Otto, que mantinha a nacionalidade húngara, foi depositado  numa abadia beneditina, perto de Budapeste, numa cerimónia íntima, que apenas contou com a presença dos monges e da família mais próxima, também a seu pedido...













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