ENTREI NO CAFÉ COM UM
RIO NA ALGIBEIRA
Entrei no café com um
rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do
bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à
mesa,
tirei da boca um
pássaro a cantar
e enfeitei com ele a
Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a
ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a
Beleza
para me iludir
dum destino.
JOSÉ GOMES FERREIRA,
(1900-1985)
Porto, Portugal
Imagem:
(DR)
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