quinta-feira, julho 12, 2012

IGREJA DA NATIVIDADE (BELÉM) E ROTA DA PEREGRINAÇÃO, PATRIMÓNIO MATERIAL DA HUNANIDADE (UNESCO) - Candidatura Polémica...











Centenas de palestinianos celebraram em Belém a inclusão, há cerca de duas semanas, da Igreja da Natividade na lista do Património Mundial da Unesco. O primeiro-ministro palestiniano Salam Fayyad disse que " é um passo na direção do reconhecimento do direito a um Estado soberano". Israel e os Estados Unidos denunciam uma politização da UNESCO. Ambos os países retiraram o seu financiamento à organização, sendo que o financiamento norte-americano representa cerca de 20% do orçamento da Unesco.

Rota da Peregrinação de José e Maria
Com a Igreja da Natividade em Belém, a UNESCO integrou no Património, também a rota da peregrinação, caminho que José e Maria, pais de Jesus, teriam percorrido há cerca de dois mil anos. Na altura, Portugal foi um dos 52 estados que se abstiveram na votação, assim como o Reino Unido e Itália. Contra estiveram 14 países, incluindo os Estados Unidos, Canadá e Alemanha ; 107 votaram a favor, entre eles França, Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.
No final da reunião anual do Comité passam a ser 962  os locais no mundo considerados património da humanidade, em 157 países. Há quatro novos países representados: o Chade, o Congo, o Palau e a Palestina. Esta, sem dúvida a candidatura de maiar repercussão e polémica.

Local assinalado, onde nasceu Jesus Cristo
A UNESCO não só classificou a igreja que é conhecida como o local de nascimento de Cristo como a fez entrar de imediato na linha paralela de Património Mundial em perigo, indo ao encontro dos argumentos palestinianos de que o local está ameaçado por causa da ocupação israelita. A decisão motivou críticas imediatas de Israel, que a definiu como "propaganda política", com o apoio dos Estados Unidos.
A candidatura da Igreja da Natividade em Belém foi pedida com caráter de urgência, tendo a Palestina alegado o estado de degradação do monumento, local de peregrinação. Com esta classificação, a Palestina consegue o apoio da UNESCO para a conservação e restauro da Igreja.


Peregrinos em oração no interior da Igreja da Natividade
Construída no tempo do imperador romano Constantino a pedido de sua mãe Santa Helena, no ano 330, a Igreja da Natividade foi restaurada no século VI, no tempo do imperador Justiniano, após sucessivas vicissitudes. É uma das igrejas mais antigas da cristandade.


O edifício subsiste ainda hoje, apesar das modificações operadas, como um dos exemplos artísticos e arqueológicos da arquitetura paleocristã. Segundo exames arquitetónicos realizados ao longo de século XX, concluiu-se que o edifício, em termos de história da arte, possui um caráter compósito relativamente a elementos constitutivos da sua planta.


O templo encontra-se rodeado por três conventos representantes dos três ritos cristãos, cujas comunidades asseguram alternadamente a manutenção e a reitoria da Basílica: franciscanos, ortodoxosgregos e arménios.


Interior da Igreja da Natividade
Nesta Basílica, como ponto de referência e ex-libris do edifício, encontra-se uma cripta na qual está o altar da Natividade onde, de acordo com vetustas tradições cristãs, terá nascido Jesus Cristo. Na parte sudeste e subterrâneo, encontra-se um pequeno oratório, representando o Presépio e onde se recorda a Adoração dos Três Reis Magos. Da gruta derivam outras galerias, onde se localizam capelas, como a de São José, dos Inocentes e oratórios, como os de São Jerónimo, São Eusébio de Cremona, Santa Paula e Santo Eustóquio.


Sucederam-se séculos de disputa e vicissitudes pela posse desta Igreja, até que, já em 1690, os latinos retomaram o templo, para, em 1757, o mesmo regressar à posse dos gregos. A polémica sobre a posse entre latinos e gregos acentuou-se no século XIX, com a França, e também com a Inglaterra, a pressionar a "Porta" (designação para os direitos tradicionais otomanos) para a cedência dos direitos de "cura" e propriedade da Basílica.


Padres das diferentes religiões, procedem à limpeza da Basílica
Os gregos, em 1873, chegaram mesmo a invadir esta Basílica, ferindo oito franciscanos, saquearam o Presépio e destruíram parte do espólio do templo. Em 1917, as forças interaliadas da Palestina ocuparam a Igreja e retomaram o "status quo" latino, embora posteriormente tivessem ocorrido novos conflitos e violência física junto do Presépio, por parte dos peregrinos e religiosos. O último destes acontecimentos - pelo menos entre os de maior impacto, registou-se em 1927. 


Hoje, todavia, graças a acordos internacionais, as três comunidades matêm-se ali, coabitando pacificamente, cada uma com seu claustro, num ambiente e cenário perfeitamente ecuménico. As desavenças de outrora, apenas encontram algum eco nas raras e insólitas disputas territoriais, que eventualmente podem ocorrer quando, segundo a tradição e em tempo do Natal, os padres procedem à limpeza dos territórios que lhe foram atribuídos e alguns de entre eles ousam pisar terreno alheio...


Peregrinos em oração junto do local onde Jesus Cristo terá nascido.
Sem armas, apenas com as vassouras da limpeza, "trocam" argumentos, num combate que se não fosse insólito em local sagrado, seria pelo menos divertido. Tudo se resolve ali, no "campo de batalha", e não ultrapassa as paredes da Basílica. Naturalmente e sem detenções policiais... Ainda  bem. 


Mas condenamos a falta de respeito...







2 comentários:

peonia disse...

Didáctico e de muito bom gosto. Estive lá em 1985 e desejaria muito voltar a todos esses lugares santos...
Bjs

Unknown disse...

Obrigada, Peonia.
Confesso que, por mais do que uma vez estive para ir, mas à última hora acontece qualquer coisa, no panorama político internacional, e o receio tem sido mais forte.
Mas "morro" por ir...
Tanto mais que para nós, católicos, é um destino quase obrigatório.
Bjs.

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