Santa Isabel d' Aragão
Tem Portugal a rezar.
Quando aos pobres dava pão,
Pôs rosas no seu lugar.
(Quadra popular)
Tem Portugal a rezar.
Quando aos pobres dava pão,
Pôs rosas no seu lugar.
(Quadra popular)
Descendente da Casa Real de Aragão, Santa Isabel nasceu, muito provavelmente, em 11 de fevereiro de 1270, em Saragoça. Onze anos depois, por procuração, realizou-se o seu casamento com o Rei D. Dinis I de Portugal, consumado em Trancoso, em junho de 1282.
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em primeiro plano, e o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova em segundo plano. |
Tornada rainha de Portugal, Dona Isabel contemplaria Coimbra pela primeira vez em outubro de 1282, cidade onde se recolheu após a viuvez e realizou muitas das práticas caritativas acompanhadas de prodigiosos milagres, que viriam a ter como expressão máxima a lenda da transformação do pão em rosas.
Muito resumidamente, reza esta lenda que estando a rainha Santa Isabel exercendo as suas habituais práticas caritativas, dando aos pobres pães que guardava no seu regaço, o seu marido, o Rei D. Dinis, desconfiado, aproximou-se e perguntou-lhe o que aí levava. O rei já havia criticado e não via com bons olhos estas práticas caritativas, por parte de sua esposa.
À pergunta do rei :"Que levais aí, senhora?", a rainha respondeu, abrindo o seu regaço: "São rosas, senhor!". E os pães, transformados em rosas, caindo do regaço, precipitaram-se no solo.
A vontade de deixar preservada para a posteridade a sua memória, levou a rainha Isabel de Aragão a promover o seu próprio túmulo, que destinou à igreja do mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Por altura da sagração desta igreja, ocorrida a 8 de julho de 1330, já se encontrava concluído o seu monumental ataúde, que se conservou vazio por mais seis anos.
Nesta altura, a tipologia do sepulcro, mais fundamentalmente a sua decoração, manifestava-se, relativamente ao defunto, e à sociedade em que viveu e se inseriu, e à sua posição na hierarquia do poder. A diferença do túmulo da Rainha Santa relativamente ao que aqui se produzia e a sua qualidade plástica, devem-se à autoria de mestre Pêro, escultor provavelmente oriundo de Aragão, como a rainha, e que teve uma oficina em Coimbra.
A iconografia do sarcófago revela uma singularidade, particularmente expressiva, na forma de representação da estátua jacente que radica, com toda a probabilidade, uma participação da tumulada. Podemos considerar esta figuração plástica como a primeira representação iconográfica de Santa Isabel.
A opção de vestir o hábito mendicante, sem abraçar a Regra, e nele se fazer tumular, tornou-se um costume, frequente entre os estratos nobilitados e também num claro investimento na busca da salvação eterna, através de um ato material. A rainha Isabel, que também vestiu o hábito de Clarissa, após a morte do marido, fez-se representar com este hábito no seu jacente, com as mãos cruzadas sobre o peito, estendendo-se a direita sobre o livro de orações.
Presa à cintura, uma bolsa, recheada de moedas e decorada com a vieira e a cruz simbólicas de Santiago, exprime uma clara referência às peregrinações que realizou ao túmulo do Apóstolo.
A condição de peregrina, que quis celebrar no jacente, completa-se com o bordão, que segura com o braço direito, à maneira de báculo, e se dispõe sobre as vestes, paralelamente ao cordão nodoso de clarissa.
Às características de clarissa de terceira ordem e de peregrina, Isabel de Aragão juntou no seu jacente, as de rainha.
Apesar de envergar o hábito de ordem e de pobreza, que abraçou nos seus últimos anos de vida, não renunciou aos símbolos do seu poder terreno e embora as vestes sejam de clarissa, a coroa é de rainha e os escudos régios de Aragão e de Portugal, espalhados pelo túmulo, não permitem esquecer a sua alta estirpe e a sua condição na hierarquia do poder.
Após a abertura do túmulo de pedra de D. Isabel de Aragão, em 26 de março de 1612 e do sequente exame das relíquias, o Bispo Dom Afonso de Castelo Branco determinou expor à veneração dos fiéis o corpo incorrupto da Rainha Santa. Para o efeito, obteve licença do Papa Paulo V, mandou edificar um arco no coro alto do mosteiro velho e lavrar um túmulo de prata branca e cristal, para onde se faria a transladação dos venerandos restos mortais.
Mas, por causa de diversas vicissitudes, a transladação só veio a efetuar-se em 1677, por alturas da mudança da comunidade para o mosteiro novo. O magnífico conjunto de talha dourada da nova igreja incluiu o retábulo-mor, no chamado estilo nacional, feito em 1693 por Domingos Lopes e Manuel Moreira. Nele se dispôs uma câmara de caixotões dourados, destinada a receber o túmulo de prata, para aí transladado no dia 3 de julho de 1696.
Por ocasião das Festas da Rainha Santa Isabel, que se realizam na cidade de Coimbra, de dois em dois anos e nas duas primeiras semanas do mês de julho, e pela comemoração dos 400 anos da abertura do seu túmulo de pedra, o bispo de Coimbra juntamente com a Confraria da Rainha Santa , expõe à veneração dos fiéis a mão de Santa Isabel de Portugal.
Em tempo de crise e de dificuldades para tantas pessoas, a mão que sempre soube repartir o que possuía por quem mais necessitava, pode indicar-nos hoje o caminho para a santidade, que se traduz na prática dos conceitos que nos ensinam a dar atenção aos mais pobres: dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os prisioneiros, curar os enfermos...
Este ano é ano das Festas da Rainha Santa Isabel, que se realizam de dois em dois anos, ou seja nos anos pares. Isto significa que o culto religioso à padroeira de Coimbra tem o seu esplendor nas duas procissões, que chamam milhares de pessoas às ruas e que percorrem o trajeto inúmeras vezes efetuado pela própria D.Isabel de Aragão, quando viveu em Coimbra, no século XIV. Estas festas calham sempre perto do feriado municipal de 4 de julho, dia da morte da Rainha Santa em Estremoz, em 1336.
Na primeira procissão, entre o Convento de Santa Clara-a-Nova, na margem esquerda do rio Mondego e a Igreja da Graça, na Baixa da cidade, a imagem da Rainha Santa desfila à noite (a partir das 20:00h), com uma paragem prolongada na Ponte de Santa Clara, para saudar a homenageada, com o habitual fogo de artifício.
Na segunda procissão, o andor, com cerca de 800 quilos, e, de novo transportado por talhantes, conforme manda a tradição, faz o percurso inverso, mas de dia.
Estas festividades, que tiveram lugar desde o dia 1 até ao passado 9 de julho, todos os anos oferecem, simultanemente com os eventos religiosos, um programa recheado de concertos com os melhores artistas nacionais e estrangeiros, quermesses, concursos, práticas desportivas, feiras e um sem número de divertimentos.
O rei D. Dinis I de Portugal |
À pergunta do rei :"Que levais aí, senhora?", a rainha respondeu, abrindo o seu regaço: "São rosas, senhor!". E os pães, transformados em rosas, caindo do regaço, precipitaram-se no solo.
A vontade de deixar preservada para a posteridade a sua memória, levou a rainha Isabel de Aragão a promover o seu próprio túmulo, que destinou à igreja do mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Por altura da sagração desta igreja, ocorrida a 8 de julho de 1330, já se encontrava concluído o seu monumental ataúde, que se conservou vazio por mais seis anos.
Nesta altura, a tipologia do sepulcro, mais fundamentalmente a sua decoração, manifestava-se, relativamente ao defunto, e à sociedade em que viveu e se inseriu, e à sua posição na hierarquia do poder. A diferença do túmulo da Rainha Santa relativamente ao que aqui se produzia e a sua qualidade plástica, devem-se à autoria de mestre Pêro, escultor provavelmente oriundo de Aragão, como a rainha, e que teve uma oficina em Coimbra.
Túmulo da rainha Santa Isabel de Aragão, no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha |
A iconografia do sarcófago revela uma singularidade, particularmente expressiva, na forma de representação da estátua jacente que radica, com toda a probabilidade, uma participação da tumulada. Podemos considerar esta figuração plástica como a primeira representação iconográfica de Santa Isabel.
A opção de vestir o hábito mendicante, sem abraçar a Regra, e nele se fazer tumular, tornou-se um costume, frequente entre os estratos nobilitados e também num claro investimento na busca da salvação eterna, através de um ato material. A rainha Isabel, que também vestiu o hábito de Clarissa, após a morte do marido, fez-se representar com este hábito no seu jacente, com as mãos cruzadas sobre o peito, estendendo-se a direita sobre o livro de orações.
Altar e túmulo de prata da Rainha Santa Isabel, no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova |
Presa à cintura, uma bolsa, recheada de moedas e decorada com a vieira e a cruz simbólicas de Santiago, exprime uma clara referência às peregrinações que realizou ao túmulo do Apóstolo.
A condição de peregrina, que quis celebrar no jacente, completa-se com o bordão, que segura com o braço direito, à maneira de báculo, e se dispõe sobre as vestes, paralelamente ao cordão nodoso de clarissa.
Às características de clarissa de terceira ordem e de peregrina, Isabel de Aragão juntou no seu jacente, as de rainha.
Apesar de envergar o hábito de ordem e de pobreza, que abraçou nos seus últimos anos de vida, não renunciou aos símbolos do seu poder terreno e embora as vestes sejam de clarissa, a coroa é de rainha e os escudos régios de Aragão e de Portugal, espalhados pelo túmulo, não permitem esquecer a sua alta estirpe e a sua condição na hierarquia do poder.
Após a abertura do túmulo de pedra de D. Isabel de Aragão, em 26 de março de 1612 e do sequente exame das relíquias, o Bispo Dom Afonso de Castelo Branco determinou expor à veneração dos fiéis o corpo incorrupto da Rainha Santa. Para o efeito, obteve licença do Papa Paulo V, mandou edificar um arco no coro alto do mosteiro velho e lavrar um túmulo de prata branca e cristal, para onde se faria a transladação dos venerandos restos mortais.
Procissão do regresso, durante as Festas da Rainha Santa, nas ruas de Coimbra |
Mas, por causa de diversas vicissitudes, a transladação só veio a efetuar-se em 1677, por alturas da mudança da comunidade para o mosteiro novo. O magnífico conjunto de talha dourada da nova igreja incluiu o retábulo-mor, no chamado estilo nacional, feito em 1693 por Domingos Lopes e Manuel Moreira. Nele se dispôs uma câmara de caixotões dourados, destinada a receber o túmulo de prata, para aí transladado no dia 3 de julho de 1696.
Por ocasião das Festas da Rainha Santa Isabel, que se realizam na cidade de Coimbra, de dois em dois anos e nas duas primeiras semanas do mês de julho, e pela comemoração dos 400 anos da abertura do seu túmulo de pedra, o bispo de Coimbra juntamente com a Confraria da Rainha Santa , expõe à veneração dos fiéis a mão de Santa Isabel de Portugal.
Colchas ornamentam as janelas e saúdam a Rainha Santa Isabel |
Em tempo de crise e de dificuldades para tantas pessoas, a mão que sempre soube repartir o que possuía por quem mais necessitava, pode indicar-nos hoje o caminho para a santidade, que se traduz na prática dos conceitos que nos ensinam a dar atenção aos mais pobres: dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestir os nus, visitar os prisioneiros, curar os enfermos...
Este ano é ano das Festas da Rainha Santa Isabel, que se realizam de dois em dois anos, ou seja nos anos pares. Isto significa que o culto religioso à padroeira de Coimbra tem o seu esplendor nas duas procissões, que chamam milhares de pessoas às ruas e que percorrem o trajeto inúmeras vezes efetuado pela própria D.Isabel de Aragão, quando viveu em Coimbra, no século XIV. Estas festas calham sempre perto do feriado municipal de 4 de julho, dia da morte da Rainha Santa em Estremoz, em 1336.
Fogo de artifício no rio Mondego, durante as festas |
Na primeira procissão, entre o Convento de Santa Clara-a-Nova, na margem esquerda do rio Mondego e a Igreja da Graça, na Baixa da cidade, a imagem da Rainha Santa desfila à noite (a partir das 20:00h), com uma paragem prolongada na Ponte de Santa Clara, para saudar a homenageada, com o habitual fogo de artifício.
Na segunda procissão, o andor, com cerca de 800 quilos, e, de novo transportado por talhantes, conforme manda a tradição, faz o percurso inverso, mas de dia.
Estas festividades, que tiveram lugar desde o dia 1 até ao passado 9 de julho, todos os anos oferecem, simultanemente com os eventos religiosos, um programa recheado de concertos com os melhores artistas nacionais e estrangeiros, quermesses, concursos, práticas desportivas, feiras e um sem número de divertimentos.
Cidade de Coimbra, destacando-se a ponte Pedro e Inês |
Que ano sim, ano não, trazem milhares de turistas nacionais e estrangeiros a esta tão bonita e apaixonante cidade de Coimbra...
FADO "RAINHA SANTA"(Banda Sonora), POR ALFREDO MARCENEIRO:
FESTAS DA RAINHA SANTA:
FESTAS DA RAINHA SANTA: FOGO DE ARTIFÍCIO NO RIO MONDEGO:
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