terça-feira, outubro 11, 2016

PELA NOITE, COM JOSÉ RÉGIO E ODEITH: "FADO PORTUGUÊS"




FADO PORTUGUÊS


O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.


Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.


Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.


Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


JOSÉ RÉGIO




Sérgio Odeith, é um artista português conhecido pela tridimensionalidade das suas obras. Os seus graffitis “saltam” das paredes, dando a ilusão que são objetos 3D.
Nascido em 1976 na Damaia, descobre o graffiti na década de 80, numa altura em que a arte de rua despontava em Portugal. O gosto pelo desenho leva-o a entrar no mundo das tatuagens, criando e seu próprio estúdio em 2000.
Em 2005 faz os seus primeiros trabalhos de arte anafórmica, sendo pioneiro no uso desta técnica.
A arte anafórmica, também conhecida por anaformose ou anaformismo, é um efeito de ilusão de ótica, com recurso ao uso da perspectiva e a um jogo de luz e sombras, que, sob determinado ponto de vista, permite que a obra seja compreendida em 3D.
Feitos no ângulo de duas paredes os grafittis de Odeith parecem esculturas, objetos 3D que saltam das paredes e flutuam no espaço. A palavra Odeith, experimentada em variadíssimos letterings e onde cada letra se destaca no espaço, é uma das suas imagens de marca.
A imagem inserida nesta publicação foi elaborada com fotografias dos graffitis deste artista, Amália e Carlos Paredes, captadas por mim no distrito da Amadora.





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