LISBOA
Alguém diz com
lentidão:
“Lisboa, sabes…”
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os
olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus e degraus até
ao rio.
Eu sei.
E tu, sabias?
EUGÉNIO DE ANDRADE
in Até Amanhã, 1956
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