PEÇO-TE...NÃO
PISES AS VIOLETAS...
"Peço-te.
Não pises as violetas
que trago no
olhar.
Falemos dos
brilhos estilhaçados
desta casa
súbita que é o teu corpo
devoluto. A
noite devora as palavras possíveis,
o sofrimento
que pulsa em tua boca
e torna a
minha boca vulnerável.
O amor é um
nada que a liberta, uma luz
que desce
dos ombros para o ventre
e fecunda as
sementes da tua virgindade,
essa que faz
agora parte de uma dor quase
amigável, na
lividez do tempo,
e que
entregas em minhas mãos, beijando-as,
tornando-te
parte dos meus versos, da
minha forma
mais profunda de gostar
de ti.
Amar-te, é escrever-te.
Amar-te é
deixar que me toques até ser teu,
até que te
deites no meu corpo e adormeças
inteira
dentro de mim.
Peço-te. Não
pises as violetas
que trago no
olhar. Cheiram a ti. São para ti.
Um
"bouquet" de palavras que floriram
neste tempo
de amor.
JOAQUIM
PESSOA
(in “Guardar
o Fogo”, a publicar)
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