“…HEI-DE INVENTAR UM VERSO QUE
VOS FAÇA JUSTIÇA”
quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último
caminho
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
por que andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-te saber que morreis
demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
companheiros
MIA COUTO
(in memoriam 22/08/1896)
Sem comentários:
Enviar um comentário