LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e
bela,
És, a um tempo, esplendor e
sepultura:
Ouro nativo, que na ganga
impura
A bruta mina entre os cascalhos
vela...
Amo-te assim, desconhecida e
obscura.
Tuba de alto clangor, lira
singela,
Que tens o trom e o silvo da
procela,
E o arrolo da saudade e da
ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu
aroma
De virgens selvas e de oceano
largo!
Amo-te, ó rude e doloroso
idioma,
em que da voz materna ouvi:
"meu filho!",
E em que Camões chorou, no
exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor
sem brilho!
OLAVO BILAC
(livro "Poesias",
Livraria Francisco Alves -
Rio de Janeiro, 1964, pág. 262)
Olavo Bilac, além de poeta
parnasiano, cronista, contista, conferencista e autor de livros didáticos,
deixou também na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República
vasta colaboração humorística e satírica, assinada com os mais variados pseudónimos,
entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur,
Otávio Vilar, etc., assinando, por vezes o seu próprio nome. Nascido no Rio de
Janeiro a 16 de dezembro de 1865, foi um dos fundadores da Academia Brasileira
de Letras, em que ocupou a cadeira nº. 15, que tem Gonçalves Dias por patrono.
No seu principal livro, "Poesias", incluiu alguns sonetos satíricos ,
sob o título "Os Monstros". Escreveu livros em colaboração com Coelho
Neto, Manuel Bonfim e Guimarães Passos, sendo que, com este último, o volume
intitulado "Pimentões", de versos humorísticos.
Sem comentários:
Enviar um comentário