A VIAGEM DEFINITIVA
Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore
verde
E o seu poço branco.
Todas as tardes o céu será azul e
plácido,
E tocarão, como esta tarde estão
tocando,
Os sinos do campanário.
Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do
banho,
No recanto secreto do meu jardim florido
e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico...
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem
lar, sem árvore
Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.
JUAN JAMÓN JIMÉNEZ
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