quarta-feira, dezembro 12, 2012

NOBEL DA PAZ 2012 - Para uma Europa Dividida... E a Duas Velocidades














A União Europeia (UE), dividida e atingida pela crise económica, nesta segunda feira recebeu em Oslo o Prémio Nobel da Paz por ter contribuído para transformar "um continente em guerra num continente em paz". 

Líderes europeus na cerimónia da entrega do Nobel da Paz 2012 à UE, em Oslo

O evento contou com a presença de quase 20 chefes de estado e de governo, entre eles o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel, e o primeiro ministro português Pedro Passos Coelho. De sublinhar a ausência do chefe do governo britânico, o conservador eurocético David Cameron, que se fez representar pelo número dois da coligação que governa o Rei Unido, o liberal-democrata europeísta Nick Clegg.

Herman Van Rompuy, Durão Barroso e Martin Schulz recebem o Nobel da Paz
O norueguês Jagland, conhecido pelo seu europeísmo num país tradicionalmente céptico para com o bloco, entregou o  Prémio Nobel aos representantes das três principais instituições da UE, os presidentes do Conselho (Herman Van Rompuy), da Comissão (José Manuel Barroso) e do Parlamento (Martin Schulz). No seu discurso, introduziu simbolicamente palavras de outros idiomas, para ilustrar a diversidade europeia.

"Não estamos hoje aqui reunidos com a convicção de que a UE é perfeita. Mas temos a convicção de que temos que resolver os nossos problemas juntos. Juntos temos que fazer todo o possível para não perder o que construímos sobre a ruína de duas guerras mundiais" declarou Jagland, lembrando que "80 milhões de pessoas" foram vítimas do extremismo no passado.

Ativistas percorrem as ruas de Oslo, protestando contra a entrega do Prémio Nobel à UE.

Pedindo à UE  que "siga adiante" apesar da crise, acrescentou ainda: "Conservar o que se conseguiu até agora e melhorar o que foi criado para resolver os problemas que ameaçam hoje a comunidade europeia é a única maneira de solucionar os problemas da crise financeira".

Foi envolto num clima de polémica que o trio dirigente da União Europeia chegou à Noruega, para a cerimónia da entrega do Prémio Nobel da Paz.

"Viemos a Oslo celebrar um acontecimento importante - a transformação da Europa de um continente de guerra num continente de paz - que ocorreu num momento que foi crucial. Cinco anos apenas após o final da Segunda Guerra Mundial, dois países rivais decidiram mudar o rumo da história e passar de inimigos a parceiros", afirmou Herman Van Rompuy. 

Protestos nas ruas de Oslo

A atribuição do galardão da Paz à UE não foi consensual e no domingo à noite, centenas de pessoas saíram para as ruas de Oslo, em vibrantes protestos.

Na capital norueguesa fala-se da União Europeia como algo de impessoal, que designam por"eles". "Eles vendem armas, não são democráticos, tratam mal o povo grego. É um desastre", exprimiram-se os manifestantes. Uma jovem reiterou: "Estou completamente contra a forma como eles estão a lidar com a crise financeira. Não consigo aceitá-la e estou muito, muito furiosa por terem ganho o Nobel da Paz. É como uma bofetada na cara de todos os que estão a sofrer, na Grécia".

Edifício do Parlamento Europeu em Estrasburgo, decorado com o slogan
"Your Peace,Your Prize, Nobel 2012"

Como resposta às críticas de alguns países que integram a UE estarem entre os maiores fornecedores de armas do mundo, a União Europeia decidiu juntar o milhão de euros do prémio Nobel e aplicar este dinheiro em projetos que lidem com crianças em zonas de guerra.

Mas qual será a resposta da UE, para a sua desigualdade de critérios que aplica aos diversos países nela integrados, e que claramente está a tornar a Europa numa Europa a duas velocidades? A Grécia sofre, e com ela todos os países  condenados a uma austeridade voraz e devastadora, sem crescimento à vista e largamente contributiva para o enriquecimento de países autênticos "predadores". 

Banda portuguesa os "Orquestrada", que atuou em Oslo

Sem esperança ,  que não seja um abismo cada vez  maior, breve só restarão os pobres,  e os muito ricos, estes nos países ricos, evidentemente. Para quando a mudança , medidas
atempadamente
racionais? Para quando o entendimento no seio da própria UE?

Mas na passada segunda feira foi também a primeira vez que se ouviu cantar em português na cerimónia da entrega do Nobel da Paz, na Câmara Municipal de Oslo. 

Na celebração dos dez anos de carreira, a banda "Os Oquestrada" actuou  não só nesta cerimónia, como voltou a fazê-lo na terça feira no concerto do Spektrum Arena de Oslo. O grupo interpretou o tema "Qualquer Coisa Que Me Anima", de Alfredo Marceneiro e presente no único disco editado pela banda.











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