Morreu aos 91 anos Camilo de Oliveira, ator que se
estreou na companhia itinerante da família quando era criança. Natural da
Figueira da Foz, mudou-se para a capital em busca de uma carreira artística. O
ator morreu no passado sábado, em Lisboa. Camilo de
Oliveira estava internado numa unidade de cuidados paliativos do Hospital Egas
Moniz há algum tempo. Lutava contra dois cancros na próstata e nos intestinos.
Foram perto de 70 anos, nos teatros de Lisboa e em
digressões pelo país, sobretudo dedicados ao riso, muitas vezes em parceria,
com atores como Beatriz Costa e Ivone Silva, Nuno Melo e António Feio ou Maria
Emília Correia, a criar personagens como Agostinho ou Padre Pimentinha.
Com Ivone Silva, aliás, protagonizou um dos pares de
maior sucesso da televisão, "Os Agostinhos", no programa
"Sabadabadú", de autoria de César Oliveira e Melo Pereira, em 1981,
distinguido internacionalmente com uma menção honrosa no Festival Rosa de Ouro
de Montreux, na Suíça.
Camilo de Oliveira nasceu a 23 de julho de 1924, em
Buarcos, próximo da Figueira da Foz, na Beira Litoral, curiosamente num
camarote, durante uma digressão da Companhia de Teatro Rentini, onde atuavam
seus pais.
Aos cinco anos fez o que chamava "uma ponta",
numa peça, e estreou-se profissionalmente aos 15 anos.
Camilo de Oliveira fez parte de diversas companhias e
atuou em vários palcos, designadamente nos teatros ABC e Variedades, no Parque
Mayer, em Lisboa, no extinto Monumental, também na capital, no Sá da Bandeira,
no Porto, entre outros.
A sua estreia na capital foi em fevereiro de 1951, no
Coliseu dos Recreios, na revista "Lisboa é coisa boa", em cujo
elenco, entre outros, pontificava Berta Cardoso. Ao longo de uma carreira de
cerca de 70 anos, contracenou com os mais distintos atores, designadamente Io
Appoloni, com quem se casou, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Costinha, Beatriz
Costa, Vasco Santana e Raul Solnado, entre outros.
Entre os seus sucessos, o ator realçava a comédia em dois
atos "Um coronel", de Jean-Jacques Bricaire e Maurice Lasaygues,
levada à cena no Teatro Variedades, em Lisboa, no qual contracenou com Alina
Vaz, Francico Nicholson, António Feio e Paula Marcelo, com quem também veio a
casar-se.
Uma das figuras que criou, e que se tornou popular, foi
"padre Pimentinha", que estreou em "Sabadabadú", e que em
2003 protagonizou a comédia "O padre Camilo", de Luís Tegedor e José
Lafayate, na qual voltou a contracenar com Alina Vaz.
Camilo de Oliveira formou, por sua iniciativa, várias
companhias teatrais, dirigiu revistas e encenou várias peças. Segundo dados a
que o próprio ator se referia, terá participado em 47 revistas, 24 comédias e
vários programas de televisão, sobretudo na RTP e na SIC, como "Camilo em
Sarilhos", "Camilo, o Pendura", "A Loja do Camilo",
"Camilo na Prisão", "As Aventuras do Camilo" e "Camilo
& Filho Lda.", onde foi Camilho 'Chumbinho'.
Figura regular desde as primeiras emissões televisivas em
Portugal, em finais da década de 1950, além de "Sabadabadu",
realizado por Nuno Teixeira e, mais tarde, por Luís Andrade, Camilo
protagonizou, entre outras, as séries "Camilo e filho", com Nuno
Melo, "As aventuras de Camilo", "A loja de Camilo", com Rui
Sá, "Camilo na prisão", "Camilo, o pendura", "Camilo
em sarilhos", na qual contracenou com Maria Emília Correia, e "Camilo
o presidente". O ator foi ainda autor do livro "As regras da minha vida",
editado pela Esfera dos Livros. Ausente dos ecrãs televisivos desde 2011,
decidiu abandonar os palcos aos 90 anos. Em 1964, Camilo de Oliveira recebeu o
Prémio Imprensa para o Melhor Ator do Ano.
Familiares e amigos despediram-se de Camilo, acompanhando
as sua cerimónias fúnebres que tiveram lugar ontem, na Basílica da Estrela, na
presença de muitas caras da televisão, teatro e música. Após a missa, o corpo
seguiu para o cemitério do Alto de São João, onde foi cremado.
Descanse em paz
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