quinta-feira, julho 07, 2016

ÚLTIMO ADEUS A CAMILO DE OLIVEIRA (1924-2016)...






Morreu aos 91 anos Camilo de Oliveira, ator que se estreou na companhia itinerante da família quando era criança. Natural da Figueira da Foz, mudou-se para a capital em busca de uma carreira artística. O ator morreu no passado sábado, em Lisboa. Camilo de Oliveira estava internado numa unidade de cuidados paliativos do Hospital Egas Moniz há algum tempo. Lutava contra dois cancros na próstata e nos intestinos.
Foram perto de 70 anos, nos teatros de Lisboa e em digressões pelo país, sobretudo dedicados ao riso, muitas vezes em parceria, com atores como Beatriz Costa e Ivone Silva, Nuno Melo e António Feio ou Maria Emília Correia, a criar personagens como Agostinho ou Padre Pimentinha.
Com Ivone Silva, aliás, protagonizou um dos pares de maior sucesso da televisão, "Os Agostinhos", no programa "Sabadabadú", de autoria de César Oliveira e Melo Pereira, em 1981, distinguido internacionalmente com uma menção honrosa no Festival Rosa de Ouro de Montreux, na Suíça.
Camilo de Oliveira nasceu a 23 de julho de 1924, em Buarcos, próximo da Figueira da Foz, na Beira Litoral, curiosamente num camarote, durante uma digressão da Companhia de Teatro Rentini, onde atuavam seus pais.
Aos cinco anos fez o que chamava "uma ponta", numa peça, e estreou-se profissionalmente aos 15 anos.

Camilo de Oliveira fez parte de diversas companhias e atuou em vários palcos, designadamente nos teatros ABC e Variedades, no Parque Mayer, em Lisboa, no extinto Monumental, também na capital, no Sá da Bandeira, no Porto, entre outros.
A sua estreia na capital foi em fevereiro de 1951, no Coliseu dos Recreios, na revista "Lisboa é coisa boa", em cujo elenco, entre outros, pontificava Berta Cardoso. Ao longo de uma carreira de cerca de 70 anos, contracenou com os mais distintos atores, designadamente Io Appoloni, com quem se casou, Francisco Ribeiro (Ribeirinho), Costinha, Beatriz Costa, Vasco Santana e Raul Solnado, entre outros.
Entre os seus sucessos, o ator realçava a comédia em dois atos "Um coronel", de Jean-Jacques Bricaire e Maurice Lasaygues, levada à cena no Teatro Variedades, em Lisboa, no qual contracenou com Alina Vaz, Francico Nicholson, António Feio e Paula Marcelo, com quem também veio a casar-se.
Uma das figuras que criou, e que se tornou popular, foi "padre Pimentinha", que estreou em "Sabadabadú", e que em 2003 protagonizou a comédia "O padre Camilo", de Luís Tegedor e José Lafayate, na qual voltou a contracenar com Alina Vaz.
Camilo de Oliveira formou, por sua iniciativa, várias companhias teatrais, dirigiu revistas e encenou várias peças. Segundo dados a que o próprio ator se referia, terá participado em 47 revistas, 24 comédias e vários programas de televisão, sobretudo na RTP e na SIC, como "Camilo em Sarilhos", "Camilo, o Pendura", "A Loja do Camilo", "Camilo na Prisão", "As Aventuras do Camilo" e "Camilo & Filho Lda.", onde foi Camilho 'Chumbinho'.

Figura regular desde as primeiras emissões televisivas em Portugal, em finais da década de 1950, além de "Sabadabadu", realizado por Nuno Teixeira e, mais tarde, por Luís Andrade, Camilo protagonizou, entre outras, as séries "Camilo e filho", com Nuno Melo, "As aventuras de Camilo", "A loja de Camilo", com Rui Sá, "Camilo na prisão", "Camilo, o pendura", "Camilo em sarilhos", na qual contracenou com Maria Emília Correia, e "Camilo o presidente". O ator foi ainda autor do livro "As regras da minha vida", editado pela Esfera dos Livros. Ausente dos ecrãs televisivos desde 2011, decidiu abandonar os palcos aos 90 anos. Em 1964, Camilo de Oliveira recebeu o Prémio Imprensa para o Melhor Ator do Ano.

Familiares e amigos despediram-se de Camilo, acompanhando as sua cerimónias fúnebres que tiveram lugar ontem, na Basílica da Estrela, na presença de muitas caras da televisão, teatro e música. Após a missa, o corpo seguiu para o cemitério do Alto de São João, onde foi cremado.


Descanse em paz






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