Lisboa recebeu a primeira edição das "The Tall Ships
Race" em 1956. Esta primeira edição foi organizada com o intuito de manter
vivas as tradições dos grandes navios de vela, uma vez que a chegada do motor a
propulsão a vapor levou ao seu desaparecimento. Os conflitos da Primeira e
Segunda Grandes Guerras Mundiais trouxeram grandes danos para estas embarcações
- ficavam paradas ou reduzidas a objetos de compensação das guerras.
Desta forma, amantes da vela perspetivaram nestas regatas
a oportunidade de renascer as suas tradições, permitindo às gerações vindouras
a oportunidade de desenvolverem as suas capacidades através de treino de mar em
grandes veleiros. Em 1954, o embaixador português em Londres, Pedro Theotónio
Pereira, e um advogado londrino, Bernard Morgan, fomentaram a realização de uma
regata que reunisse os grandes veleiros ainda existentes.
Assim, com o apoio de outras personalidades de prestígio
do mundo náutico, surgiu a comissão que organizou a 1.ª regata em Thorbay, sul de
Inglaterra, e em Lisboa com a partcipação dos doze maiores veleiros à época:
Moyana (UK), Christian Radish (Noruega), Ruyam (Turquia), Falken (Suécia),
Maybe (Holanda), Gladan (Suécia), Flying Clipper (Suécia), Creole (Reino
Unido), Sorlandt (Noruega), Georg Stage (Dinamarca), Sagres (Portugal),
Mercator (Bélgica) e mais outros 8 veleiros, de menores dimensões.
Devido ao sucesso da regata e à atenção mediática que
atraiu, seguiram-se muitas outras edições que se realizam anualmente até aos
dias de hoje.
Para os mais curiosos, os grandes veleiros dividem-se em
4 categorias, dependendo do seu Comprimento Total, do Comprimento da linha
d'água (LWL) e do equipamento de Vela.
Navios de velas quadradas - Barca, Lugre-Patacho, Brigue, Patacho e outros veleiros com Comprimento Total superior a 40 metros, não incluindo a vela.
Veleiros Classe B |
Classe B:
Chalupa de um mastro, Chalupas, Ioles e Escunas -
embarcações com Comprimento Total inferior a 40 metros e com Comprimento de
linha d'Água de pelo menos 9,14 metros.
A Tall Ship Races 2016 está neste fim de semana em
Lisboa, com as embarcações abertas à visita (gratuita) do público. Organização
espera um milhão de visitantes
Mais habituada aos cruzeiros, Santa Apolónia vai ter
neste fim de semana visitantes menos usuais - os maiores veleiros do mundo vão
estar nas águas do Tejo, abertos à visita do público. Quatro anos depois, a
Tall Ships Races volta a Lisboa e as expectativas estão altas. A organização
espera cerca de um milhão de visitantes.
Aquele que é o maior festival náutico gratuito da Europa
traz a Lisboa 60 veleiros de 15 nacionalidades e 5000 tripulantes. "Neste
ano batemos vários recordes", diz João Lúcio, presidente da Aporvela -
Associação Portuguesa de Treino de Vela, entidade que coorganiza o Tall Ship
Races Lisboa 2016. "Temos a maior frota de sempre, temos navios de 15
bandeiras diferentes e conseguimos embarcar nestes veleiros cerca de 500 jovens
portugueses", sublinha ao DN.
Entre os participantes estão seis navios nacionais, caso
do Creoula, da Marinha, do Santa Maria Manuela ou da Vera Cruz, uma réplica
exata das antigas caravelas portuguesas.
A Tall Ship Races saiu de Antuérpia (Bélgica) a 7 de
julho. Após a paragem em Lisboa prossegue, na segunda-feira, para a cidade
espanhola de Cádis, e termina na Corunha, no Norte de Espanha, onde os veleiros
ficarão de 11 a 14 de agosto.
Uma das especificidades da Tall Ship Races é o facto de
as tripulações dos veleiros terem de ser constituídas, obrigatoriamente, com
"50% de jovens entre os 15 e os 25 anos - é uma premissa que existe desde
a primeira regata". Ou seja, ao núcleo de tripulação dos veleiros
juntam-se, a cada etapa da prova, grupos de jovens voluntários. O presidente da
Aporvela, entidade que tem por missão promover a ligação das pessoas - em
particular dos mais jovens - ao mar, sublinha a ligação de Lisboa à regata.
"Esta ideia começou há 60 anos e a primeira regata foi de Torbay [Reino
Unido] para Lisboa, foi a primeira capital do mundo a receber veleiros. Foi uma
ideia do embaixador português em Londres, Teotónio Pereira." A iniciativa
teve "um sucesso tão grande" que se repetiu, conta João Lúcio. Neste
ano, um dos objetivos passa também por promover Lisboa como Capital Europeia do
Atlântico.
Ao longo de 1,5 quilómetros, de Santa Apolónia ao
Terreiro do Paço, ficará instalado até segunda-feira o Passeio dos Sete Mares -
o recinto que será o grande palco do festival náutico e a partir do qual se
poderá subir a bordo dos veleiros, e que estará aberto ao público entre as dez
e a uma da manhã. Um "recinto de entrada livre", sublinha João Lúcio,
acrescentando que também as "embarcações vão estar abertas gratuitamente à
visita do público".
À espera de cerca de um milhão de visitantes, a
organização recomenda vivamente que o acesso seja feito através de transportes
públicos, dado não só tratar-se de uma zona com pouco estacionamento, mas
sobretudo devido às obras que se estendem pela frente ribeirinha e que provocam
condicionamentos no trânsito desde o Campo das Cebolas até ao Cais Sodré. No
domingo à tarde, a partir das 15.00, as tripulações dos veleiros juntam-se num
desfile desde a Praça dos Restauradores até à Praça do Município. À noite
haverá um espetáculo de fogo-de-artifício. Na segunda-feira, a partir das
15.00, será o desfile náutico no Tejo, com a partida dos veleiros em direção a
Cádis.
Terminado
a Tall Ship Races 2016, e porque as cidades "têm de se candidatar com um
mínimo de quatro anos de antecedência" e se "digladiam para atrair
estes navios", o presidente da Aporvela garante que o próximo passo será
avançar com a candidatura à edição de 2020 do evento.
“Foi uma experiência inesquecível, onde pude conhecer
pessoas de outros países e de todas as idades, fazer amigos para toda a vida.”
“Aprendemos que somos muito mais fortes do que pensamos.”
(Testemunhos de Jovens que já embarcaram através da
Aporvela em anteriores edições das Tall Ships Races)
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