Umberto Eco, filósofo, semiólogo e romancista italiano, autor de "O
nome da rosa" e "O pêndulo de Foucault", morreu nesta
sexta-feira, dia 19, segundo os jornais italianos "La Repubblica" e
"Corriere della Sera". A informação foi dada por um familiar do
escritor, ao informar que Eco morrera aos 84 anos em sua casa às 22h30 do
horário local.
A causa da morte não foi informada, mas o escritor lutava já contra um
cancro.
Umberto Eco nasceu na cidade de Alexandria, no dia 5 de janeiro de 1932.
Quando pequeno, durante a Segunda Guerra Mundial, mudou-se com sua mãe para uma
vila pequena, na região montanhosa de Piemonte. O seu pai, oriundo de uma
família de 13 filhos, foi mobilizado para lutar em três guerras.
O pai de Umberto queria que o filho estudasse direito, mas este decidiu
entrar na Universidade de Turin para estudar filosofia medieval e literatura.
Mais tarde, Umberto também foi professor na mesma Universidade.
Trabalhou como editor de cultura no canal de televisão RAI, onde conheceu
um grupo de escritores, pintores e músicos que influenciou a sua futura carreira de escritor.
Em setembro de 1962, Eco casou-se com Renate Ramge, uma professora de arte
alemã de quem teve dois filhos. Dividia O seu tempo entre um apartamento em
Milão, onde tinha uma biblioteca de 30 mil volumes, e uma casa de veraneio
perto de Rimini, em que guardava cerca de 20 mil exemplares.
Em 1992 e 1993, Eco foi professor na Universidade Harvard, nos Estados
Unidos. Também lecionou nas universidades de Oxford, Columbia e Indiana, na
Universidade de San Marino e na Universidade de Bologna, onde foi presidente da
Faculdade de Ciências Humanas.
Tornou-se popular sobretudo pelo seu romance "O nome da rosa"
publicado em 1980. O livro combina semiótica, ficção, análise bíblica, estudos
medievais e teoria literária. Conta a história do frei Guilherme de
Baskerville, enviado para investigar o caso de um mosteiro franciscano
italiano, cujos monges são suspeitos de cometer heresias. A história, que se
passa em 1327, envolve mortes misteriosas, crueldade e sedução erótica.
Em 1986 foi lançado o filme de mesmo nome, dirigido por Jean-Jacques Annaud
e protagonizado pelo ator Sean Connery.
Descanse em paz.
Entre as suas obras mais conhecidas também estão os romances "O
Pêndulo de Foucault" (1988) e "O Cemitério de Praga" (2010),
além dos ensaios "A Estrutura Ausente" e "História da
Beleza". O seu último romance "O número Zero" foi publicado no
ano passado.
Com quase 50 anos, começou a escrever romances, após uma brilhante carreira
académica. Já era autor de vários livros de não ficção e de ensaios, quando
decidiu procurar novos desafios. "Num certo momento, decidi escrever uma
história. Eu não tinha mais filhos pequenos para lhes contar histórias", dizia
o escritor.
Em 2013, Eco foi agraciado com a medalha de ouro da cultura italiana na
Argentina pela Società Itália Argentina (SAI). Dias depois, comentou a escolha
feita pelo Vaticano do Papa Francisco, nascido na Argentina, para ocupar o
cargo na Igreja Católica. O escritor definiu Francisco como "o papa da
globalização" e opinou que o Papa Francisco representa algo
"absolutamente novo" na história da Igreja Católica:
"Estou convencido que o Papa Francisco representa um facto
absolutamente novo na história da Igreja e, talvez, na história do mundo",
declarou na entrevista dada ao jornal argentino "La Nación".
O escritor foi defensor da saída de Silvio Berlusconi do cargo de
primeiro-ministro de Itália, na altura mergulhado num mar de escândalos
sexuais, acusações de corrupção e crises financeiras no país. Berlusconi
renunciou em novembro de 2011. "É o fim de um pesadelo", manifestou
Eco naquele ano, numa entrevista destinada a promover seu romance, "O
Cemitério de Praga".
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