O Papa Francisco concluiu na passada semana nas Filipinas
uma viagem à Ásia, que se iniciou no Sri Lanka, durante a qual multiplicou
mensagens e gestos em favor dos mais pobres, da paz e do diálogo entre
religiões.
“Devemos ser claros e inequívocos ao desafiar as nossas comunidades a viver plenamente os princípios da paz e da coexistência, que se encontram em cada religião, e denunciar atos de violência sempre que são cometidos”, afirmou, durante um encontro com responsáveis das principais comunidades religiosas.
Um dia depois de uma Missa ao ar livre com mais de seis
milhões de pessoas, a maior celebração na história da Igreja Católica, o Papa regressou
ao Vaticano, de onde partiu na segunda-feira, completando assim um total de 17
mil quilómetros percorridos.
Mais uma vez, milhares de pessoas acompanharam o percurso
do papamóvel nas ruas da capital filipina, entre a Nunciatura Apostólica e o
aeroporto, onde decorreu a cerimónia de despedida, sem discursos oficiais mas
com coreografias e cantos enquanto o pontífice argentino se despedia das
autoridades civis e religiosas.
Na a primeira vez que um Papa passou pelo espaço aéreo
chinês, Francisco dirigiu-se ao presidente Xi Jinping, “invocando as bênçãos
divinas da paz e bem-estar para a nação”.
Durante as homilias e discursos em Manila, Francisco
questionou em várias ocasiões as “estruturas sociais que perpetuam a pobreza” e
denunciou a “corrupção”.
O Papa mostrou-se preocupado com o que chamou de
“colonização ideológica” da família, com “ataques insidiosos e programas
contrários” ao matrimónio tradicional, à natalidade e ao direito à vida.
A viagem ficou ainda marcada pela deslocação à ilha
filipina de Leyte, a região mais afetada em novembro de 2013 pelo supertufão
Haiyan. Francisco presidiu a uma Missa campal, junto ao aeroporto
de Tacoblan, debaixo de fortes ventos e chuva, durante a qual centenas de
milhares de pessoas rezaram pelas vítimas e seus familiares.
"Muitos de vocês perderam parte da família: apenas
posso guardar silêncio, acompanho-os com o coração, em silêncio", disse,
numa intervenção improvisada, em espanhol, deixando de lado o texto preparado.
A passagem pelo maior país católico da Ásia contou com
várias surpresas do Papa argentino, que fez uma paragem surpresa junto a uma
casa de pescadores na cidade de Tacloban, no percurso entre o aeroporto local e
a Catedral de Palo, onde Francisco almoçou depois com 30 sobreviventes e
familiares das vítimas. Numa visita encurtada em quatro horas, devido à
tempestade, o Papa quis deixar um sinal de proximidade junto dos “mais pobres
dos pobres”.
Na sexta-feira, o Papa tinha feito outra paragem não
programada, num centro para crianças abandonadas, dirigido por uma fundação
católica, onde passou 20 minutos com mais de 300 crianças.
Os jovens estiveram no centro das atenções da manhã de
domingo, num encontro que decorreu na única universidade pontifícia da Ásia:
Francisco apresentou um discurso improvisado a partir do testemunho de Gyzelle
Palomar, uma menina de 12 anos, acolhida por uma fundação católica depois de
ter sido abandonada na rua.
A atenção pelos mais pobres foi levada ao palácio
presidencial, no primeiro discurso em Manila, em que o Papa pediu o fim das
“cadeias da injustiça e da opressão”.
Esta mesma mensagem foi transmitida aos membros do clero e dos institutos religiosos, que se reuniram com Francisco na Catedral de Manila para ouvir um desafio à transformação da “sociedade que se habitou à exclusão, à polarização e a uma desigualdade escandalosa”.
Francisco percorreu mais de 17 mil quilómetros para
deixar uma mensagem de esperança aos católicos do continente, numa viagem memorável na história da Igreja Católica
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