É
impressionante como o fundamentalismo religioso é capaz
de contagiar até fora do contexto onde está mais fortemente inserido. A curiosa
história de Ângela, contada pelo Expresso, é deveras surpreendente e reveladora
de quanto pode a loucura humana chegar a todas as partes do mundo, graças aos
novos mecanismos de comunicação via internet.
Ângela
é a filha de 19 anos de um casal alentejano fugiu para a Síria no início do mês
de agosto e casou-se com um guerrilheiro do Estado Islâmico, também ele português.
No Facebook, Ângela usa as seguintes palavras para descrever a luta jihadista
na Síria: «Quando olhamos para o cano de uma arma vemos o paraíso, quando um
avião sobrevoa as nossas casas estamos prontos para receber a bomba, quando um
pai cai mártir o filho está pronto para substituí-lo. Faremos tudo para manter
e expandir o nosso estado islâmico. Como se pode ganhar a um povo que não teme
a morte?»
Em Menbij, no nordeste da Síria, junto à fronteira com a Turquia,
ninguém a conhece por Ângela. Ali chama-se Umm. O
marido também não é Fábio. É Abdu. Ele cresceu na linha de Sintra, nos
arredores de Lisboa. Ela na Holanda, para onde os pais alentejanos emigraram.
Ele já está na Síria há mais de um ano. É jihadista, combatente nas fileiras do
exército radical do Estado Islâmico (EI). Ela chegou lá este mês. Nunca se
tinham visto, mas já estavam noivos há vários meses no Facebook.
Através
da rede social partilharam radicalismos e ambições de vida, são ambos
muçulmanos convertidos, extremistas, defensores do califado islâmico,
adversários do Ocidente e dos países «infiéis». E são ambos portugueses.
Afinal,
percebe-se que aquilo que nos tranquiliza, porque parece distante, hoje, está
mesmo à beira da nossa casa. Somos todos vizinhos. E para nossa tragédia, eis a
outra face da expressão «aldeia global».
Tudo
pode chegar-nos quer o bem quer o mal. Isso é por um lado, é muito bom e
alegra-nos, mas por outro, assustadoramente inquietante e revelador de que o
mundo está perigoso em todo lado.
(Publicado por José Luís Rodrigues,em blogue “O Banquete da Palavra”)
3 comentários:
Bom dia Maria Haydée!
O fanatismo disfarçado de idealismo deixa um rastro de terror nos últimos anos, não sei aonde isso irá parar.
Espero ter mais tempo para ler seu blog que contribui para a expansão da cultura, porque para saborear as postagens é necessário estar tranquilo. Parece que os dias andam tão curtos!
Abraços!
Obrigada, Claudia.
Tem toda a razão.
Seria bom podermos estar tranquilos com tudo, na vida.
Beijo e amizade grandes.
Obrigada, Claudia.
Tem toda a razão.
Seria bom podermos estar tranquilos com tudo, na vida.
Beijo e amizade grandes.
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