ESPLENDOR DE AGOSTO
Aconteceu o pior: o
esquecimento.
Esqueci tudo o que deve ser
lembrado
e já não sei se és tu ou se te
invento
e se o que resta é só o
imaginado.
Esqueci o nome o olhar esqueci
o rosto
reclinado nas tardes de
Setembro.
E já não sei sequer quem foi
deposto
e se lembro não sei se és tu
que lembro.
Porque tudo esqueci e não
esqueci
esplendor dos corpos no azul de
Agosto
e aquele não sei quê que havia
em ti
e aquele ardor em mim de fogo
posto.
Esqueço a lembrar e se te
lembro esqueço
e já não sei se és margem ou
ainda o centro
de tanto te inventar não te
conheço
e quanto mais te esqueço mais
te lembro.
MANUEL ALEGRE,
in Nada está Escrito
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