quarta-feira, junho 29, 2011

CRIME CONTRA A HUMANIDADE - Khmer Vermelho - Camboja






Mais de trinta anos depois de um dos capítulos mais negros do século XX, no Camboja, começou esta semana o julgamento de quatro altos responsáveis dos Khmer Vermelho. Os arguidos respondem perante o tribunal internacional da ONU por crimes de guerra, crimes contra a Humanidade e genocídeo.

Tribunal Internacional da ONU, no Camboja

No banco dos réus sentam-se o antigo presidente do regime, Khien Samphan, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ieng Sari e a esposa e ex-ministra dos Assuntos Sociais, Ieng Thirith, e, finalmente, aquele que ficou conhecido como o "irmão número dois", Nuon Chea, o ideólogo do regime liderado por Pol Pot, que se limitou a dizer aos juízes que "não estava satisfeito com a audiência". Depois, abandonou a sala por motivos de saúde, tal como Ieng Sari e a mulher.

Os Khmer Vermelho terão causado a morte de cerca de dois milhões de pessoas, na década de 70, na sequência de torturas, fome, trabalhos forçados e execuções mais do que sumárias. O "número um " e chefe do regime, Pol Pot, morreu em 1998.

Cemitérios de Phnom Penh

Kaing  Guev Eav, o antigo diretor da sinistra prisão de Phnom Penh, foi condenado a 35 anos de cadeia por crimes contra a Humanidade. A pena foi de imediato reduzida a 30 anos, já que o tribunal patrocinado pelas Nações Unidas considerou ilegais os cinco anos de detenção por parte do exército cambojano. O regime massacrou a população com trabalhos forçados e eliminou sistematicamente todos os "traidores de revolução"

Conhecido como o "Dutch", Kaing Guev Eav dirigiu o campo S-21, conhecido também com o nome de Tuoi Sieng, um centro de interrogatórios que funcionava num antigo colégio secundário de Phnom Penh, onde mais de 12 000 pessoas foram torturadas e assassinadas em função da repressão em massa organizada pela equipe no poder de Pol Pot. Os que sobreviviam eram enviados para os chamados "campos de morte", de onde não regressavam mais. Dutch poderá ser condenado à pena de prisão perpétua.

Julgamento do "Dutch"
O acusado Dutch, antigo professor de matemática convertido ao cristianismo nos anos 90 (atitude que muitos defendem tratar-se de mera hipocrisia), será julgado por crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. Um dos raros sobreviventes de Tuoi Sieng afirmou: "Este é um dia muito especial para mim. Serei testemunha. Quero ver o Dutch e perguntar-lhe por que me prendeu."

Detido em 1999 pelas autoridades Cambojanas, Dutch foi levado, em 2007 a um tribunal especial em Phnom Penh, patrocinado pela ONU. Ao contrário dos demais detidos, manifestou arrependimento pelos factos ocorridos durante o regime e pediu perdão às vítimas.

Crianças prontas a matar

Muitos temem que os quatro responsáveis não cheguem a conhecer a sentença, devido à idade avançada e ao estado de saúde.

"Eles não devem ser libertados, devem morrer na prisão", comenta uma sobrevivente do regime.

De entre as  técnicas de tortura dos Khmer Vermelho contavam-se as práticas de arrancar as unhas, choques elétricos e outras torturas brutais destinadas a "extrair" confissões. Num arquivo, guardado por um guarda prisional, ficou o registo de quando Dutch foi questionado sobre o que fazer com seis meninos e cinco meninas acusados de traição, ele terá respondido "Matem-nos todos".

Camboja - Phnom Penh
Após a queda do regime, Dutch andou desaparecido por quase duas décadas, mas, por um acaso, acabou por ser descoberto por um jornalista britânico e foi preso em 1999.

As barbaridades do Khmer Vermelho viriam , mais tarde, a ser retratadas no célebre filme ,"Os Gritos do Silêncio".

Qual o desfecho para mais um julgamento deste crime de genocídio e contra a Humanidade, agora mais uma vez reiniciado? Teremos uma "nova " Nuremberga?...











domingo, junho 26, 2011

ALBERTO E CHARLENE, DEPOIS DE WILLIAM E KATE...


O principado do Mónaco anunciou em comunicado que o príncipe Alberto, de 53 anos, está oficialmente noivo da ex-nadadora sul-africana Charlene Wittstock, vinte anos mais nova.

Principado do Mónaco

Os monegascos podem finalmente respirar de alívio. Após tantos anos de espera, Alberto do Mónaco está oficialmente noivo, pondo assim um fim ao duplo problema da Casa de Grimaldi: a vida boémia do príncipe,que não negou já possuir dois filhos de relações anteriores, e a hipótese de extinção da Casa de Grimaldi por falta de herdeiros directos.

Alberto e Charlene conheceram-se nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, quando o príncipe entregou um ramo de flores à desportista que tinha acabado de vencer uma prova.

Alberto e Charlene

Os dois voltaram a encontrar-se um ano mais tarde, no principado do Mónaco, nas celebrações da "Mare Nostrum Tour" e desde essa altura tornaram-se amigos.

Em 2006 a amizade ganhou outra dimensão e desde então o príncipe e a ex-nadadora começaram a aparecer juntos por diversas ocasiões, quer em eventos e cerimónias oficiais quer em momentos mais íntimos, onde a cumplicidade e carinho que os une é evidente.
Pormenor do anel de noivado

Em entrevista dada à comunicação social, realizada por estes dias, o futuro casal real veio confirmar a realização da cerimónia do casamento para sábado, dia 2 de julho próximo, consoante o anteriormente previsto. O casamento civil deverá ter lugar na véspera.

Todo o principado vive já uma euforia enorme com os preparativos da boda, que será realizada não na Catedral do Mónaco, como anteriormente tinha sido previsto e onde seus pais casaram, mas sim ao ar livre, segundo recentes declarações do príncipe.

O afluxo de visitantes, turistas, conjuntamente com a presença dos representantes das principais casas reais, governantes e chefes de estado, deverão emprestar um brilho e solenidade só igualada, no principado, pela boda de Rainier III e de Grace Kelly, a actriz de Hollywood que marcou a década dos anos 60...

Palácio do Mónaco



Com os tradicionais "Parabéns aos noivos", desejamos-lhes as maiores felicidades, e que saibam  fazer o povo monegasco igualmente próspero e feliz.

Porque isto de governar...Não é fácil!










quinta-feira, junho 23, 2011

SANTO ANTÓNIO JÁ SE ACABOU. O SÃO PEDRO ESTÁ-SE A ACABAR...










Santo António já se acabou,
O São Pedro está-se a acabar...
São João, São João,
Dá cá um balão
Para eu brincar!




Junho é, por excelência, o mês dos santos populares, e os bairros mais típicos e antigos das cidades transfiguram-se em enfeites de cor e ambiente de intensa alegria. É nestes lugares tão genuínos que se celebram as festas dos santos populares, com origem nos antigos rituais pagãos do solstício de verão e que remontam à Idade Média.

Fogo de artfício no Rio Douro

Tal como nas festas de Santo António, também nestes dias que antecedem o dia 24 de junho, dia dedicado a  São João Batista, vulgarmente conhecido apenas como São João, as ruas enchem-se do cheiro das sardinhas assadas, o vinho escorre para os copos, e os arraiais e romarias espalham-se indescriminadamente.

O povo benze-se com alho porro, salta-se a fogueira para dar sorte, compra-se o manjerico que se cheira com a mão, para que não seque. Diz a tradição que as águas das orvalhadas da madrugada de São João têm poderes excecionais de purificação, regeneração e proteção, garantindo amores felizes e casamento próximo, para além de proporcionarem vigor aos idosos e beleza aos jovens.

Festejos tradicionais do São João, na cidade do Porto

Poderes místicos também são atribuídos a determinadas plantas, como o alho porro, a alcachofra, o manjerico, o cardo ou a erva cidreira.

A tradição das fogueiras de São João está relacionada com o ancestral culto do Sol, em que o fogo simboliza o poder purificador e fertilizante. O saltar da fogueira está estreitamente ligado à saúde, ao acasalamento e à fecundação.

São João Batista, depois de Santo António, é o segundo santo homenageado nesta quadra festiva. Apelidado de "apóstolo do amor" terá nascido a 24 de junho, anunciado pelo Anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita.

Cascata de São João

A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um carácter mágico pela forma como os seus habitantes vivem a festa. É como se tudo acabasse nesse dia, festejando a chegada de um novo ciclo de renovação com liberdade e desprendimento. A véspera do dia 24 torna-se no dia da noite mais longa, na cidade do Porto.

É a noite do tradicional fogo de artifício sobre o rio Douro. A tradição cumpre-se ainda com a sardinha assada na brasa, com os manjericos e as suas quadras populares, com as elaboradas cascatas de dezenas de figuras de barro, com o lançamento de balões de ar quente que ficam a brilhar no céu, com as fogueiras para as pessoas saltarem e os célebres cordões humanos que percorrem a cidade. E finalmente, com os ramos de erva cidreira, os alhos porros e os ruidosos martelinhos que servem para bater na cabeça de quem passa...

Planta do Alho Porro

Se calhar, podia dizer-se que basta estar numa qualquer rua do Porto, para se estar a festejar o São João. Rusgas. bailes, fogos de artifício, pequenas festas de bairro, de rua, de praça, espalham-se pela cidade e ninguém fecha a porta a ninguém que queira entrar, nesta noite tão especial.


E depois, claro, restam ainda os locais onde a história e a tradição festejam oficialmente o São João: a Ribeira, a Av. dos Aliados, a Baixa portuense....


São João que, só a partir de 1911 e por referendo, viu o dia da sua festa tornar-se oficialmente feriado municipal e em 1945 os seus festejos  serem considerados como parte integrante das festas do município.

Martelos tradicionais do São João









E eu, como habitante da Freguesia do Lumiar, não deixarei de assinalar duplamente este 24 de junho, dia de São João e  dia do patrono da minha freguesia...





     









terça-feira, junho 21, 2011

XIX GOVERNO CONSTITUCIONAL - Tomada de Posse







SAÚDO ESTE XIX GOVERNO CONSTITUCIONAL
QUE HOJE TOMOU POSSE, E NELE DEPOSITO
A ESPERANÇA DE UM NOVO PORTUGAL.



domingo, junho 19, 2011

FESTAS DE LISBOA - 13 de Junho, Dia de Santo António



Da mesma forma que os brasileiros aguardam todo o ano pelo Carnaval, os lisboetas esperam pelas Festas da Cidade. Tendo como referência o Dia de Santo António, dia 13 de Junho e feriado municipal, todavia prolongam-se por vários dias.

Marchas de Lisboa

As Marchas Populares são um ícone da cultura popular lisboeta. Representantes do associativismo dos diversos Bairros Lisboetas, desde há 79 anos que existem, primeiro em cada Bairro, depois saíram para a rua e todos os anos desfilam pela Avenida da Liberdade e se exibem no Pavilhão Atlântico, para efeitos de classificação da Marcha vencedora.

Este este ano a Marcha vencedora foi a do Alto do Pina. Parabéns a todos os que contribuíram para esta vitória bairrista.
.

Bairro de Lisboa, engalanado para a noite de Santo
António

Em 2011, as Marchas Populares, num total de vinte e duas, aliam-se à candidatura do Fado a Património da Humanidade. 


Ao longo de quatro noites, as 22 entidades participantes mostram-se à cidade, tendo o evento o ponto alto na noite de Santo António a 12 de junho com o Desfile das Marchas Populares na Avenida da Liberdade.

O outro ícone destas  Festas de Lisboa, tão popular quanto as Marchas Populares, são os Casamentos de Santo António, na Sé de Lisboa, Paços do Concelho e Museu da Cidade
.
Arraial de Santo António, numa aldeia do interior
do país

Os Casamentos de Santo António afirmaram-se ao
longo dos tempos como um dos grandes momentos das festas da nossa cidade e como uma tradição da cidade de Lisboa.


No dia 12 de Junho, véspera de Santo António, santo casamenteiro, o município cumpre uma vez mais a tradição. Vestida de festa, Lisboa volta a celebrar a união de 16 casais que decidem partilhar este momento marcante das suas vidas com a cidade.


Sardinhas assadas em noite de Santo António
Mas as Festas de Lisboa não se ficam por aqui. Durante todo este período festivo, a cidade veste-se de cores, os Arraiais, espalhados pelos bairro típicos e mesmo por todo o país, com as suas bandas, festões, os tradicionais manjericos e onde não falta a deliciosa "sardinha assada no pão" regada com bom vinho, fazem o encanto de todos, nomeadamente dos turistas. 

As ruas, de janelas engalanadas, exibem os " tronos de Santo António", verdadeiras obras de arte. Até nos transportes públicos a animação tem lugar, com a exibição de fadistas, animadores circenses expontâneos e muita música...

Alcachofra florida




Não quero deixar de referir ainda a realização de eventos culturais, e  particularmente uma tradição desta noite de Santo António: as raparigas solteiras devem chamuscar uma alcachofra numa fogueira, de preferência a mesma fogueira que a tradição manda ainda que se salte nesta noite.


Se, passado uns dias a planta voltar a florir, a moça solteira terá o amor e o casamento assegurados. Caso contrário... Terá que esperar que o ano seguinte lhe traga melhor sorte!



LISBOA É LINDA!...




quarta-feira, junho 15, 2011

MICHAEL JACKSON (1958-2009) - O Mundo Não o Esquecerá !






O próximo sábado, 25 de junho, assinala o segundo aniversário da morte de Michael Jackson. Todos nos lembramos onde estávamos e o que fazíamos quando soubemos da morte do cantor. O "Eu não posso imaginar um mundo sem Michael Jackson" tornou-se banal. Mas agora não teremos mais que pensar assim: após a sua morte, Michael tornou-se ilimitado, porque o Mundo pegou no espólio que o cantor deixou, cerca de cem músicas novas e por mais de uma década ele será revisto e editado de novo, encerrando um ciclo e começando outro, este agora numa dimensão intemporal.

A Sony, num megaprojeto, "Behind The Mask", recrutou pessoas de todo o mundo e, ao som da música de Michael Jackson registou os seus movimentos, após uma prévia inscrição. Depois editou um Álbum, que só em 2010 vendeu mais de três milhões de discos, batendo todos os recordes de todos os tempos. Michael não morreu, continua e continuará certamente.

Os vídeos que adiciono a esta mensagem ou postagem, conforme se preferir, serão vários: alguns já exemplos destes tempos após a morte de Michael, outros do próprio Michael Jackson e finalmente um trailer do megaprojeto da Sony, estreado no passado dia 14, "Behind The Mask".

Não direi mais, porque vamos rever e ouvir o saudoso  Michael...







segunda-feira, junho 13, 2011

FERNANDO PESSOA (1888-1935) - Faria Hoje 123 Anos...






O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente...




Hoje pela tarde, regressada a casa da dura e dolorosa tarefa de me despedir para sempre de alguém muito querido e vencida pelo cansaço espiritual, abri o computador. Fui surpreendida pelo Google, que me recordava o facto de o dia de hoje assinalar o 123.º aniversário de Fernando Pessoa. 

Fernando Pessoa aos 6 anos de idade
À minha mente acudiram, de imediato, as palavras com que iniciei esta mensagem...E tantas outras mais, que não caberiam num blogue inteiro. Mesmo assim, numa tentativa de não me alongar muito e de me não tornar cansativa, aventuro-me a recordar um pouco de Fernando António Nogueira Pessoa, o nosso Fernando Pessoa, e a sua obra literária.

Casa onde Fernando Pessoa nasceu, no Largo S.Carlos,
em Lisboa

Nascido em Lisboa a 23 de Junho de 1888, numa casa do Largo de São Carlos, aos cinco anos assistiu à morte do pai, vítima de tuberculose, e no ano seguinte, à do irmão, Jorge. Devido ao segundo casamento da mãe, em 1896, com o cônsul português em Durban, na África do Sul, seguiu os estudos secundários neste neste país, por um período de dez anos.
Padrasto e mãe de Fernando Pessoa
Terminou este período em que fez a sua preparação universitária, com a frequência de uma escola comercial, a Durban High School e o Iintermediate Examinatin in Arts, onde obteve o "Queen Victoria Memorial Prize", pelo melhor ensaio de estilo inglês. De regresso definitivo a Lisboa, 1905, frequentou, por um período breve, o Curso Superior de Letras. Após uma tentativa falhada para montar a sua própria tipografia e editora, dedicou-se, a partir de 1908 à tradução de correspondência estrangeira, facto que lhe permitiu tempo para se dedicar ao estudo da filosofia  grega e alemã, à escrita, ciências humanas e políticas, teosofia e literatura moderna, determinantes na sua personalidade.

Pessoa nas ruas de Lisboa
Em 1920, ano em que a mãe, viúva, regressou a Portugal com os irmãos e em que Fernando Pessoa foi de novo viver com a família, iniciou uma relação sentimental com Ophélia Queiroz (interrompida nesse mesmo ano e retomada, para rápida e definitivamente terminar, em 1929) testemunhada pelas cartas de amor de Pessoa, organizadas e anotadas por David Mourão Ferreira, e editadas em 1978. Em 1925, ocorreria a morte da mãe. Fernando Pessoa viria a morrer uma década depois, a 30 de Novembro de 1935 no Hospital de São Luís dos Franceses, onde foi internado com uma cólica hepática, causada provavelmente pelo consumo excessivo de álcool.

Carta de Pessoa dirigida a Adolfo Casais
Monteiro
Levando uma vida relativamente apagada, movimentando-se num círculo restrito de amigos que frequentavam as tertúlias intelectuais dos cafés da capital, envolveu-se nas discussões literárias e até  políticas da época.Colaborou na revista A Águia da Renascença Portuguesa, com artigos de crítica literária sobre a nova poesia portuguesa, imbuídos de um sebastianismo animado pela crença no surgimento de um grande poeta nacional, o "super-Camões" (ele-próprio?). Data de 1913 a publicação do "Impressões do  Crepúsculo" (poema tomado como exemplo de uma nova corrente, o paúlismo, designação advinda da primeira palavra do poema) e de 1914 o aparecimento dos seus três principais heterónimos, segundo indicação do próprio Fernando Pessoa, em carta dirigida a Adolfo Casais Monteiro, sobre a origem destes.

Fernando Pessoa e o mago Aleister Crowley, em Lisboa,
 em 1930 
Em 1915, com Mário de Sá-Carneiro (seu dileto amigo, com o qual trocou intensa correspondência e cujas crises acompanhou de perto), Luís Montalvor e outros poetas e artistas plásticos,  formou o grupo "Orpheu", grupo que lançou a revista Orpheu, marco do modernismo português e onde publicou, desde o primeiro número, a diversa poesia do seu heterónimo Campos e do próprio ortónimo Pessoa. Além de diversos sonetos e poemas da sua poesia inglesa, concorreu em 1934, com Mensagem, a um prémio da Secretaria de Propaganda Nacional, que conquistou na categoria B, devido à reduzida extensão do livro. Colaborou  nas revistas Exílio, Portugal Futurista, Contemporânea, Athena e Presença.

Última residência do poeta e actual Casa de
Fernando Pessoa
A sua obra, que permaneceu maioritariamente inédita, foi difundida e valorizada pelo grupo Presença. A partir de 1943, Luís Montalvor deu início à edição completa das obras de Fernando Pessoa, englobando os seus heterónimos e o próprio ortónimo, Fernando Pessoa. Do seu vasto espólio, foram também retirados o Livro do Desassossego, por Bernardo Soares, e uma série de outros textos.

Edição de "Mensagem" de 1934
A questão humana dos heterónimos, tanto ou mais do que a questão literária, tem atraído as atenções. Concebidos como individualidades distintas do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontrando-se ligados a alguns problemas centrais da sua obra, traduzem a fragmentação do "eu", reduzindo o "eu" real de Pessoa a um papel que não é maior do que o dos seus heterónimos, na existência literária do poeta. Deles se destacam três:

  • Álvaro de Campos, engenheiro português de educação inglesa. Influenciado pelo simbolismo e futurismo, apresentava um certo niilismo nas suas obras. Viria a assimilar com
  • Ricardo Reis, nascido  no Porto em 1887, médico que escrevia as suas obras com simetria e harmonia. O bucolismo estava presente nas suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina.
  • Alberto Caeiro, nascido em Lisboa em 1885, aí morreu. Era o Mestre, inclusive do próprio Fernando Pessoa ortónimo. Com uma formação educacional simples (apenas o primário), este heterónimo fazia poesias de forma simples, direta e concreta. As suas obras estão reunidas nos Poemas Completos de Alberto Caeiro.



Apenas dois poemas do próprio Fernando Pessoa, tão conhecidos, e  retirados de "Mensagem":


Ó mar salgado, quanto do teu sal,                                     
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

________________________________________


Ai que prazer
Não cumprir um dever
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo, 
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...







quinta-feira, junho 09, 2011

10 DE JUNHO - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas




Hoje celebra-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, celebrado a 10 de Junho, é o dia em que se assinala a morte de Luís Vaz de Camões em 1580, e é também um feriado nacional.
Início das cerimónias do 10 de Junho na cidade de
Castelo Branco

Durante o regime ditatorial do Estado Novo de 1933 e até à Revolução dos Cravos de 25 de Abril de 1974, era celebrado como o Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses, epíteto criado por Salazar na inauguração do Estádio do Jamor, em 1944.

A partir de 1963, o 10 de Junho tornou-se numa homenagem às Forças Armadas, numa exaltação da guerra e do poder colonial.

Com uma filosofia diferente, a Terceira República converteu-o em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 1978.

Presidente da República Cavaco Silva

Este dia assinala uma homenagem ao poeta Luís Vaz de Camões, génio da Pátria e escolhido como representante de Portugal na sua dimensão mais resplandecente e mais sublime. 

E é também o dia em que se tenta "dignificar, através da distribuição de determinados títulos e medalhas, portugueses que se tenham distinguido em determinadas áreas, sem distinção de opção ideológica ou da opção religiosa".

Este ano Castelo Branco foi a cidade escolhida para a realização destas festividades.

Monumento a Luís Vaz de Camões,
 em Lisboa








Dada a actual conjuntura política, além do Presidente do Presidente da República Cavaco Silva, estiveram
simultâneamente presentes os representantes do Governo demissionário e os representantes do novo Governo recentemente eleito.



Num clima de contenção económica, esta cerimónias já tradicionais, foram reduzidas e o Presidente da República  não deixou de mais uma vez apelar, nas sua diversas intervenções, à consciência coletiva de que esta é a "última oportunidade que Portugal tem, e de que não podemos falhar!".













MENSAGEM


Esta noite, uma flor Bela, entre as mais belas, murchou...
As minhas lágrimas...

terça-feira, junho 07, 2011

COMUNIDADE VIDA E PAZ - Solidariedade em Portugal






A Comunidade Vida e Paz é uma organização que apoia os sem abrigo, com o objetivo de os reinserir como cidadãos participativos na sociedade. É uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) tutelada pelo Patriarcado de Lisboa e com sede em Alvalade. É de inspiração cristã, mas congratula-se com o facto de ter o apoio de imensas entidades e pessoas de diferente fé e diferente fundamentação humanística, que se lhe unem no sentido de prestar serviço à sociedade.
A noite dos "Sem-abrigo"

Distribui comida (28 800 sandes e 1920 litros de leite por mês) e roupa pelos sem-abrigo de Lisboa todas as noites do ano, como forma de construir  uma relação com as pessoas, que permita conhecer a sua situação e ajudá-los ou encorajá-los a entrar no programa de recuperação. Este programa é realizado num dos três centros terapêuticos da Comunidade (Quinta da Tomada, Quinta do Espírito Santo e Quinta de Fátima) e passa pela desabituação de substâncias, no caso de dependentes de drogas ou álcool, mas também sobretudo pela aquisição de uma nova atitude perante a vida e competências que aumentem a possibilidade de encontrar um emprego.

A distribuição de comida e roupas é feita pelas equipas de rua. Cada noite, três equipas (em média com nove elementos), percorrem três percursos diferentes da cidade de Lisboa. Várias empresas e benfeitores contribuem para o conteúdo das ceias (duas sandes, um bolo, uma peça de fruta e leite), e algumas contribuem também com voluntários.

Equipas da noite da Comunidade Vida e Paz

A Festa de Natal é o evento mais emblemático da Comunidade Vida e Paz. Recebe mais de 2500 convidados ao logo de três dias, proporcionando, para além da comida e roupa e alguns cuidados de higiene, o conforto físico e emocional de que estão usualmente privados. As inscrições para Voluntários para a Festa estarão disponíveis a partir do mês de setembro - esteja atento!

A Comunidade Vida e Paz começa por conhecer as pessoas sem-abrigo através das equipas da noite, que se aproximam com as ceias com o objetivo bem definido de conhecer a situação em que as pessoas se encontram e perceber como podem ser ajudados.
Irmã Maria Gonçalves,
fundadora da Comunidade Vida e Paz

A Comunidade Vida e Paz acredita que a evolução duma sociedade se mede menos pelo PIB e mais pelo número de pessoas que vive em condições dignas. Nas palavras da fundadora desta instituição, a Irmã Maria Gonçalves, "A Humanidade foi feita para ser feliz", a Comunidade Vida e Paz entende que é seu dever procurar a sua, e ajudar os outros a procurarem a deles. Neste contexto, a Comunidade Vida e Paz tem sempre a mão estendida  para ajudar quem queira transformar a sua vida e renascer para uma existência melhor - à distância de uma decisão.
O longo caminho da recuperação tem duas fases essenciais: o tratamento e a reinserção.

Presidente Cavaco silva e esposa, presentes na boda
realizada entre dois "Sem-abrigo", utentes da CVP

O tratamento assenta na reestruturação global do indivíduo "Sem Abrigo" nas vertentes física, psicológica e espiritual. Compreende todo um trabalho realizado por equipas multidisciplinares que acompanham os utentes desde a sua situação de exclusão à sua reinserção social. O tratamento tem a duração sensivelmente de 13 meses em regime de internamento.

A reinserção proporciona aos utentes da Comunidade Vida e Paz, a frequência de cursos de formação oficial com vista à valorização educacional e profissional, reconhecimento e valorização das potencialidades, visando a integração no mercado de trabalho. A Comunidade tem atualmente dois apartamentos de Reinserção Social para o apoio habitacional inicial, com acompanhamento bio-psicossocial.


Campanha da CVP, de angariação
de leite para os seus utentes






Seja solidário e ajude as pessoas necessitadas e sem-abrigo!
Ajude a fazer a diferença, contribua para levar um sorriso para quem precisa: "Seja a mudança que quer ver o mundo"- Mahatma Gandi.




Localização e contactos da CVP:
Sede: 
Rua Domingos Bontempo, N.º 7
1700-142 Lisboa
Telef: 21 846 01 65 / 843 97 93
Fax: 21 849 53 10
Tlm: 91 234 02 22
Email: geral@alvalade.cvidaepaz.pt 









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