"Chegou a altura de abandonar a ideia de uma Europa
temerosa e auto-centrada"
Papa Francisco.
O Papa Francisco visitou o Parlamento Europeu, na passada
terça-feira, 25 de novembro, e pediu aos eurodeputados para manterem viva a
democracia. É a segunda vez que um Papa discursa em sessão plenária. O primeiro
foi João Paulo II em 1988. O emprego, a educação e a imigração foram alguns dos
temas abordados.
A promoção da dignidade humana foi um tema central no
discurso proferido pelo Papa Francisco no Parlamento Europeu. A imigração, a
proteção do ambiente e a promoção dos direitos humanos e da democracia foram
outros assuntos destacados na intervenção do Papa, que frisou também a
necessidade de a Europa redescobrir o melhor de si.
No discurso de boas-vindas ao Papa Francisco, o
presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, afirmou que a perda de
confiança dos cidadãos em relação às instituições, tanto a nível nacional como
a nível europeu, "é enorme", e sem confiança não há ideia ou
instituição que possa persistir por muito tempo. "É por isso que
precisamos de unir esforços para recuperar a confiança perdida", disse o
presidente do Parlamento Europeu.
Martin Schulz referiu que valores como a tolerância, o
respeito, a igualdade, a solidariedade e a paz são partilhados pela União
Europeia e pela Igreja Católica. "A União Europeia tem a ver com inclusão
e cooperação, e não com exclusão e confronto", afirmou.
Direitos
humanos e dignidade:
"Desejo dirigir a todos os cidadãos europeus uma
mensagem de esperança e de encorajamento", disse o Papa Francisco no
discurso proferido perante os eurodeputados.
Para o Sumo Pontífice, "dignidade" é a
palavra-chave que caracterizou a recuperação da Europa após a Segunda Guerra
Mundial, sublinhando que a promoção dos direitos humanos é fundamental no
compromisso da UE em advogar pela dignidade da pessoa, quer seja dentro da
União quer seja nas suas relações com países terceiros.
O Parlamento Europeu tem "a responsabilidade de manter viva a democracia para os povos da Europa", a qual não deve colapsar "face à pressão de interesses multinacionais não universais", disse o Papa Francisco.
"É tempo de promover as políticas de emprego, mas
acima de tudo é necessário devolver dignidade ao trabalho, garantindo também
condições adequadas para a sua realização", afirmou o Sumo Pontífice,
referindo-se às consequências dramáticas da crise a nível social.
Ambiente e imigração:
O Papa Francisco relembrou que a Europa sempre esteve na
vanguarda dos esforços para promover a ecologia. No entanto, respeitar o
ambiente não significa apenas limitar-se a evitar deturpá-lo, mas também
utilizá-lo para o bem, disse o Papa, relembrando que milhões de pessoas no
mundo morrem de fome enquanto toneladas de produtos alimentares são descartadas
diariamente das nossas mesas.
A questão dos fluxos migratórios para a UE foi também abordada pelo Papa no seu discurso perante o Parlamento Europeu. "Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério", afirmou, destacando que nos barcos que chegam às costas europeias há pessoas que precisam de "acolhimento e ajuda". Para o Papa, a Europa será capaz de enfrentar as problemáticas relacionadas com a imigração se souber propor com clareza a sua identidade cultural.
Após este seu discurso perante o Parlamento Europeu, o
Papa Francisco foi calorosamente aplaudido pelos deputados.
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