HEROÍSMOS
Eu temo
muito o mar, o mar enorme,
Solene,
enraivecido, turbulento,
Erguido em
vagalhões, rugindo ao vento;
O mar
sublime, o mar que nunca dorme.
Eu temo o
largo mar, rebelde, informe,
De vítimas
famélico, sedento,
E creio
ouvir em cada seu lamento
Os ruídos
dum túmulo disforme.
Contudo,
num barquinho transparente,
No seu
dorso feroz vou blasonar,
Tufada a
vela e n'água quase assente,
E ouvindo
muito ao perto o seu bramar,
Eu rindo,
sem cuidados, simplesmente,
Escarro,
com desdém, no grande mar!
CESÁRIO
VERDE,
in 'O Livro de Cesário Verde'
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