Sempre fiel ao espírito do amor e ajuda ao próximo, é com
imenso gosto que voltamos a esta estória de vida, neste caso a de Mário
José da Guia, o sem-abrigo de Lisboa, que meses atrás perdeu o seu emprego e
vida própria, e se tornou a estória de mais uma vítima deste Estado social que
se afunda e nos afunda a todos nós. Mário José deixou-nos, na altura, uma comovente
lição de dignidade, à qual não conseguimos acrescentar palavras, apenas uma
lágrima. As imagens falavam por si.
Passado cerca de meio ano, quisemos saber qual a situação de
Mário José. Na rua habitual, onde primeiro nos dirigimos, não estava. Atrevemo-nos
a interrogar a vizinhança que prontamente e de maneira afável nos recebeu, como
é apanágio das gentes simples desta nossa Lisboa.
Mário José tinha tido muita sorte. Amigos, sobretudo a
comunicação social e até a Internet, blogues que seguiram o nosso exemplo, e
bem, ajudaram-no. Tinha conseguido, não digo uma coisa fixa (os tempos estão
difíceis e diferentes), mas várias. Quisemos ainda saber mais e soubemos. Mas
uma coisa nos surpreendeu: o seu amor pela rua continuava, só que agora como
varredor do lixo da cidade…
Como há seis meses, não conseguimos acrescentar palavras. Também como há seis meses, as imagens agora inseridas falam por si. Mas não consegui, com pena, encontrar a mesma lição de dignidade de há seis meses atrás. Nem verter a lágrima teimosa…
E pronto, amigos. Por aqui fica encerrada esta estória
perdida da noite da minha cidade. O final, foi o que Mário José escolheu.
Resta-nos dizer adeus e desejar-lhe todas as felicidades…
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