segunda-feira, agosto 20, 2012

BRUNEI, O REINO ONDE NÃO REINA A CRISE - Hassanal Bolkiah












 




Brunei, pequeno reino e sultanato, situado na costa noroeste da Ilha de Bornéu no sudeste asiático e com uma superfície de apenas 5.765 quilómetros quadrados, uma população de 409 mil habitantes, é pouco maior do que o Algarve. Mas é também considerado o país mais rico do mundo.

             1-Sultanato do Brunei                         2-Palácio fabuloso de Hassanal Bolkiah                        3-Conselho económico do Brunei

As suas origens remontam ao século VII, e no auge do seu império tinha o domínio das regiões costeiras da moderna Sarawk e Sabah, o Arquipélago Sulu e as ilhas da ponta noroeste de Bornéu. Visitado por Fernão de Magalhães em 1511, lutou contra Castela em 1578. Após uma uma atribulada envolvência em lutas políticas, em 1888 tornou-se um protetorado britânico para, após formalizar uma constituição e uma rebelião armada, recuperar a sua independência do Reino Unido em 1 de janeiro de 1984.

Em outubro de 1967, Hassanal Bolkiah, de 66 anos, subiu ao trono, depois do seu pai, o sultão Omar Ali Saiffudien, abdicar para dar lugar ao seu filho mais velho, o 29.º sultão de uma dinastia com mais de 500 anos de continuidade. Pouco depois, a crise desencadeada em 1973 pela subida do preço do petróleo fez dele o homem mais rico do mundo e durante mais de uma década encabeçou a lista de multimilionários da revista Forbes.

1-Interior do palácio fabuloso do sultão                     2-Carro oficial do sultão, revestido a ouro          3-Interior da casa de Hassanal Bolkiah

Ditador exemplar na aplicação do poder, no Brunei, o sultão Hassanal Bolkiah, lidera e diplomaticamente domina com mão de ferro qualquer tentativa de liberdade, amenizada pelo atrativos sistemas nacional de saúde e de educação gratuitos para toda a população, isenção de impostos pessoais e ajuda à habitação própria, e ainda o subsídio no preço do arroz, principal alimento do país.

Os meios de comunicação social estão amordaçados por uma lei de imprensa que exige a todos os jornais a obtenção anual de uma licença do Ministério do Interior e o depósito de 100 mil dólares do Brunei (cerca de 65.000 euros). Além disso a pena por "notícias falsas" não ultrapassa os três meses.

1-Carro Rolls-Mercedes do sultão              2-Máquina fotográfica revestida a ouro                 3- Manifestação no Brunei

Aproveitando as circunstâncias de  já em 1971 ter modificado a Constituição, quando do acordo com o Reino Unido para a independência do Brunei, que lhe havia proporcionado o controlo total dos assuntos internos, em 1984 ficou com o governo do país. Para além de sultão e chefe do Estado, nomeou-se primeiro-ministro e ministro da Defesa.

Como líder máximo religioso, impulsionou uma ideologia nacional (MIB), com a qual fomentou a expansão da ortdoxia islâmica fora de portas. As autoridades proibiram a venda e o consumo público do álcool e foram impostas às mulheres regras restritas no vestuário. Hassanal Bolkiah, através do seu conselho religioso, deixou bem claro que a religião serve para o servir a ele, e não o contrário. Qualquer movimento islâmico que questione o status quo, ficou rigorosamente proibido.

                                        1 e 2- Atual princesa do Brunei                                                                                         3-Família real do Brunei

Todavia a crise financeira asiática de 1997 e os esbanjamentos por parte dos membros da família real desbastaram consideravelmente a fortuna do sultão. Desde então, baixou muitos lugares na lista da Forbes, embora continue a ser, de longe, o monarca mais rico. A sua fortuna atual é estimada em 16.000 milhões de euros. Mas com essa crise, Hassanal Bolkiah decidiu acumular também o cargo de ministro das Finanças.

Então começou o maior escândalo que abalou o sultanato. O príncipe Jefri Bolkiah, irmão mais novo do sultão e ministro das Finanças durante mais de um década, foi destituído. Um playboy extravagante, pai de 17 filhos e com uma coleção de 2.000 automóveis de luxo, perdeu todos os seus cargos de poder, investimentos do Brunei e foi acusado de desbaratar mais de 10.000 milhões euros pertencentes a esses investimentos. Jefri declarou-se "vítima de uma conspiração islâmica conservadora" e exilou-se para as muitas propriedades principescas que possuía nos EUA e na Europa.


1-Hassanal Bolkiah numa cerimónia oficial      2-Príncipe Carlos de Inglaterra e Hassanal Bolkiah       3-Presidente Obama e o sultão

Esta luta entre irmãos, constituiu uma "novela" que permitiu conhecer alguns dos "segredos" do sultanato, incluindo que Hassanal Bolkiah paga 7,5 milhões de euros anuais a cada uma das suas cinco empregadas de relações públicas. Ao recorrer ao Conselho Privado, o sultão viu-se obrigado a ceder aos juízes britânicos a documentação que pediam. Nesta documentação foi  inserido um relatório de 50 páginas que detalhava algumas despesas da coroa, como os salários das suas cinco funcionárias de relações públicas e outras despesas do sultanato.

Também constavam, na lista, outros salários milionários de colaboradores mais próximos, como os dois supervisores do seu palácio (9,3 e 8,4 milhões de euros); os do seu professor de badmington (1,6 milhões); pagamentos de acupuntura e massagens de 1,5 milhões, e 62.220 euros aos guardas que cuidam dos pássaros exóticos que tem enjaulados O relatório revelou a generosidade do sultão para com os seus servidores mais fiéis, mas se falarem, que não esperem perdão.

Avião particular do sultão, com alguns dos luxuosos interiores 

Divorciado da primeira esposa de 21 anos em 2003, em 2005 casou-se secretamente com a ex-jornalista da Malásia, a princesa Azrinaz Mazhar, numa cerimónia em Kuala Lumpur, de que resultaram um filho e uma filha. Este será o segundo divórcio de Hassanal Bolkiah. Todavia o sultão permanece casado com a sua primeira esposa, Anak Hajah Saleha, com quem se casou em 1967. Em ambos os casos de divórcio, os títulos reais foram revogados às mulheres. Nem em casa nem no país se admite a dissidência.

Panorâmica do sultanato do Brunei, de onde se destaca o palácio do sultão Hassanal Bolkiah, catalogado entre as maiores
casas do mundo.

Apesar de "todas as vicissitudes", o sultão Hassanal Bolkiah continua um dos homens mais ricos do mundo, com um património líquido estimado em cerca de US$ 20 bilhões. A sua riqueza é-lhe atribuída como senhor absoluto do seu país, rico em petróleo...


E onde certamente não reina a crise mundial...




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