Fabiana Silva deixou de
viver nas ruas de São Paulo para passar a viver das ruas da cidade brasileira.
Dos 38 anos que tem, 16
foram passados a céu aberto e esperança fechada pelo crack que a tornou
dependente e vulnerável na maior cidade da América do Sul.
Hoje, os 400 quilos de
lixo que consegue transportar no carrinho que arrasta a força de músculo são a
evidência da força de vontade que a fez, como a milhares de brasileiros, viver
do lixo que fica aquém da capacidade de recolha das estruturas camarárias.
“Temos de limpar o
nosso planeta. Para os nossos futuros netos, os nossos filhos, os nossos
tetra-netos. Por isso, sim, temos de limpar a cidade. Eu ando muito nela e vejo
como está ficando suja”, responde quando lhe perguntam acerca do que faz e como
vive.
Em casa, a limpeza
continua e as crianças, uma de 14 anos outra de 8, são cuidadas com os cerca de
27 euros que ganha por dia, isto se Fabiana chegar ao máximo de lixo recolhido
que pode vender para reciclar.
Hoje é um dia especial,
com direito a maquilhagem e olhar cheio de orgulho. Fabiana voltou à escola que
deixou com apenas sete anos para fugir a um padrasto abusivo e recolhe hoje não
lixo, mas o diploma pelo qual se esforçou.
Fabiana já passou por
muito, mas o sofrimento que testemunha apaga-se na esperança do futuro, quando
talvez consiga ser médica veterinária:
“Estou muito feliz. é
uma vitória para mim, minha mãe teve 12 filhos, 8 vivos e desses oito nenhum
tem formação em nada, e eu estou no processo de me formar, começar a formação.
Então, quem sabe depois de um tempo eu não vou para o Superior? Agora quero
escrever um livro, a história da minha vida. O meu sonho é ganhar um
dinheirinho para poder dar a entrada para comprar uma casinha e conseguir sair
da favela do Moinho".
Fabiana continuará, como
diria Caetano Veloso, a viver da dura poesia concreta das esquinas de São Paulo…
2 comentários:
Conheço a história, como a de outros anônimos, Que têm o meu respeito.
Também eu, amiga. No Brasil, por todo o mundo.
Desde há muito que chamo a atenção coletiva para estes problemas. Apoio e divulgo instituições de apoio credível e correto para este flagelo social, divulgadas neste blogue.
Obrigada pelo comentário gentil.
Abraço e beijo de Portugal.
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