POEMA 18
Aqui te
amo.
Nos
sombrios pinheiros desenreda-se o vento.
Brilha a
lua sobre as águas errantes.
Andam
dias iguais a se perseguir.
Dissipasse
a névoa em dançantes figuras.
Uma
gaivota de prata desprende-se do ocaso.
Às vezes
uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz
negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes
amanheço, e até a alma está húmida.
Soa,
ressoa o mar ao longe.
Este é um
porto.
Aqui te
amo.
Aqui te
amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou te
amando mesmo entre estas frias coisas.
Às vezes
vão meus beijos nesses navios graves,
Que
correm pelo mar até onde nunca chegam.
Já me
vejo esquecido como estas velhas âncoras.
São mais
tristes os cais quando atraca a tarde.
Cansa-se
minha vida inutilmente faminta.
Amo o que
não tenho. Tu estás tão distante.
Meu tédio
luta com os lentos crepúsculos.
Porém a
noite chega e começa a cantar-me.
A lua faz
girar a sua roda de sonho.
Olham-me
com teus olhos as estrelas mais grandes.
E como eu
te amo, os pinheiros no vento,
Querem cantar o teu nome com as folhas de arame.
PABLO NERUDA
2 comentários:
Bom-dia!
Assim continuo amando Pablo! Impossível esperar pelos dias sem que lembremos as suas palavras! Salmos!
Grato, minha amiga!
O seu blogue é um importante veículo de transmissão da língua universal chamada poesia!
Bom Domingo!
Vítor
Mais uma vez agradeço o gentil comentário que não mereço.
"Preto, Branco, E" é um blogue simples, que procura valorizar sobretudo a Música, Dança e Poesia. Mas acima de tudo valoriza a ajuda aos mais necessitados, segundo a orientação católica que o rege.
Obrigada!
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