segunda-feira, junho 03, 2013

COMEÇO DE DIA COM NERUDA....- Poema XVIII



POEMA 18                        


Aqui te amo.
Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento.
Brilha a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a se perseguir.
Dissipasse a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata desprende-se do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes amanheço, e até a alma está húmida.
Soa, ressoa o mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou te amando mesmo entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nesses navios graves,
Que correm pelo mar até onde nunca chegam.
Já me vejo esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os cais quando atraca a tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.
Amo o que não tenho. Tu estás tão distante.
Meu tédio luta com os lentos crepúsculos.
Porém a noite chega e começa a cantar-me.
A lua faz girar a sua roda de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas mais grandes.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
Querem cantar o teu nome com as folhas de arame.


PABLO NERUDA






2 comentários:

Vitor. C disse...

Bom-dia!
Assim continuo amando Pablo! Impossível esperar pelos dias sem que lembremos as suas palavras! Salmos!
Grato, minha amiga!
O seu blogue é um importante veículo de transmissão da língua universal chamada poesia!
Bom Domingo!
Vítor

Unknown disse...

Mais uma vez agradeço o gentil comentário que não mereço.
"Preto, Branco, E" é um blogue simples, que procura valorizar sobretudo a Música, Dança e Poesia. Mas acima de tudo valoriza a ajuda aos mais necessitados, segundo a orientação católica que o rege.
Obrigada!

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