Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram para além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que permitia a força humana,
E entre gente edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
II
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
LUÍS VAZ DE CAMÕES
(in "Lusíadas", canto I, est. I e II)
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