quinta-feira, novembro 17, 2011

PURO SANGUE LUSITANO ( ALTER REAL) - O Filho Do Vento...





A raça "Puro Sangue Lusitano", mais conhecido como Cavalo Lusitano tem origem nos cavalos primitivos da Península Ibérica, tendo recebido também alguma influência de sangue árabe e de cavalos do norte de África.
Cavalo  representado nas pinturas rupestres das Grutas de La Pileta
e do Escoural.

A raça de Cavalo Lusitano foi oficializada com a criação do Stud Book do PSL em 1957, apesar do seu biotipo e as suas aptidões já serem conhecidas, reconhecidas e apreciadas há muito tempo. Para além de um padrão estatístico extraído das médias das medidas dos seus indivíduos em certa época, as características do Puro Sangue Lusitano são definidas sobretudo pelas suas aptidões funcionais. 

A sua agilidade e flexibilidade fazem dele o cavalo ideal para o toureio a cavalo e pela guerra ou guerrilha, inteligência, poder de reunião e maleabilidade escolhido pela arte equestre, e a empatia e companheirismo tornam-no no cavalo ideal , selecionado por 5.000 anos de equitação. O Cavalo Lusitano é um cavalo vibrante, mas submisso, forte mas flexível, corajoso porém seguro. 
Rei D. João V

Tudo isto e ainda outras aptidões, elegem-no como um cavalo de sela por excelência : extremamente confiável, é também o cavalo ideal para principiantes, alta escola (Haute École) e exercícios de ares altos, uma vez que põe os membros inferiores debaixo da massa, com grande facilidade. Assim o Lusitano revela-se não só no toureio e equitação clássica, mas também nas disciplinas equestres federadas como "dressage", obstáculos, atrelagem e em especial na equitação de trabalho, estando no mesmo patamar que os melhores especialistas da modalidade.

Foram estes cavalos portugueses, os escolhidos para a produção do filme " O Senhor dos Anéis".

As representações mais antigas dos ancestrais do Cavalo Lusitano, remontam à Pré-História e podem ser admiradas nas pinturas rupestres das Grutas de La Pileta (Málaga, Espanha) datadas de 20.000 A.C., e no Escoural (Alentejo, Portugal) conhecidas de 17.000 A.C. e 13.000 A.C..

Fenícios, Gregos, Cartagineses e Romanos habitaram a Península Ibérica.
Gravura do livro de Manoel Carlos Andrade, picador da Picaria Real

As duas primeiras civilizações não trouxeram cavalos suficientes para que pudessem influenciar de uma forma substancial o Cavalo Ibérico. Porém os Gregos têm uma lenda que descreve os cavalos da Lusitânia, das margens do rio Tejo, como sendo "filhos do vento". Esta é certamente, uma forma metafórica e poética que permite perceber como o Cavalo Ibérico era considerado na antiguidade.

No livro "Cavalo Lusitano o filho do vento", Arsénio Raposo escreve: "A perfeita ligação entre o homem ibérico e o seu cavalo poderia ter dado inspiração original à lenda dos centauros, Uma criatura híbrida, meio homem, meio cavalo, considerada originária dos vales do rio Tagus (Tejo). Nesses tempos acreditava-se também, que as éguas desta região eram geradas pelo vento, que representava a espantosa rapidez com que davam o seu progénio"...
Rei D. José I

Os Cartagineses e os Romanos trouxeram consigo principalmente o cavalo Berbere. Este facto poderá ser observado pelas diversas estátuas e moedas dessas civilizações, que mostram um cavalo de perfil convexo. A seguir à queda do Império Romano, as tribos da Europa Central: os Vândalos, Suevos e Alanos, repartiram a Península Ibérica entre si. Os primeiros dois povos trouxeram cavalos ancestrais às raças alemãs dos cavalos pesados.

Os Suevos, que tomaram controlo de uma boa parte da Penísula Ibérica, trouxeram cavalos similares aos dos Celtas. Mais tarde foram derrotados pelos Visigodos, que introduziram também o cavalo Berbere e o cavalo Árabe, que se cruzaram com o cavalo Ibérico. Assim, em pleno século XII, os cavalos tinham para Portugal, um importante papel no campo de batalha.

Mais tarde o Rei D. João V (casado com D. Maria da Áustria, uma admiradora da Escola de Viena) fundou a coudelaria de Alter Real, onde começou a ser criado um cavalo que se enquadra no modelo do Cavalo Lusitano. As éguas e garanhões para o estabelecimento da coudelaria de Alter Real foram trazidos de Espanha. Estes cavalos, da coudelaria de Alter Real, eram os usados na Picaria Real, que se estabeleceu, na época  como a escola de arte equestre.
Coudelaria de Alter  (Alter Real)

O Rei D. José I, filho de D. João V, fez com que a coudelaria de Alter Real e a Picaria Real prosperassem e evoluíssem no ensino equestre. Porém no século XIX a Picaria Real foi encerrada e no século XX iniciou-se a Escola  Portuguesa de Arte Equestre, inspirada na Picaria Real. Em 1885, Bernardo Lima, no seu livro sobre as raças portuguesas, usou o termo Lusitano para cavalos nascidos em Portugal e com características que os permitissem inscrever no Stud Book Português.

A raça Lusitana começou oficialmente em 1967.

Para além da coudelaria de Alter (Alter Real), existem ainda outras coudelarias que se dedicam à criação do Puro Sangue Lusitano, quase todas de iniciativa privada. O interesse pela raça do Puro Sangue Lusitano ultrapassa as fronteiras de Portugal, com um interesse cada vez maior.
Puro Sangue Lusitano

 Países como o Brasil, França e México são os que demostram  maior interesse por esta raça. Mas também já existem comunidades do Cavalo Lusitano na Bélgica, Estados Unidos da América, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Reino Unido.

O interesse pelo Cavalo Lusitano estende-se ainda por grande parte do continente Africano, Norte da Europa e América do Sul, e também continente Asiático...


"...Bem modelado, de temperamento e carácter dócil, corajoso, nobre e elegante, um belo cavalo, com pernas leves, de físico forte, corrida harmoniosa e uniforme no trote e galope; firme e seguro, mais nobre e talvez mais belo que qualquer outro."
( General Joaquim António Vito Moreira , Cavaleiro da família real)





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