Frei Hermano da Câmara vai atuar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no dia 16, assinalando 50 anos de carreira. Atualmente apóstolo de Santa Maria, Frei Hermano da Câmara, 77 anos, surgiu na cena musical portuguesa no programa "Nova Onda", da emissora nacional, e posteriormente no programa "Lisboa à Noite", da RTP.
Mosteiro de Singeverga |
Nascido no seio de uma família aristocrática, a 12 de julho de 1934, ainda jovem, participou em diversas reuniões juvenis do fado, na companhia de seus irmãos. Gravou o seu primeiro disco em 1955, intitulado Sunset and Sentimental. O disco só viria, no entanto, a ser comercializado em 1959, destacando-se nas canções apresentadas no clássico Coletes de Oiro.
Em 1961, com a idade de 27 anos, decidiu tornar-se monge beneditino, e entrou para o Mosteiro de Singeverga, em Roriz, freguesia de Santo Tirso. É o único mosteiro que em Portugal segue a Ordem de São Bento, e foi fundado em 25/1/1892 por monges vindos de Cucujães, onde se iniciara a restauração da vida beneditina, após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834.
Álbum de Frei Hermano da Câmara |
Com a abertura proporcionada pelo Concílio Vaticano II, Frei Hermano da Câmara voltou a gravar temas, profundamente marcados pela vocação religiosa.
Ao entrar no palco do Tivoli pela primeira vez como monge, oito depois do seu ingresso no mosteiro, frente às luzes da ribalta, começou a sua "epopeia espiritual de um aventureiro divino", tornando-se no "Monge Cantor". No final do concerto, ao ser abordado pelos jornalistas, respondeu: « Se os meus superiores acharem bem que eu faça apostolado a cantar, cantarei...». Estas palavras foram proféticas e vieram a confirmar-se com o andar dos tempos, encorajando-o a seguir por este caminho.
Colaborou com o Quarteto 1111 e José Cid, em 1978, editou o álbum O Nazareno, que vendeu cerca de 20 mil exemplares.
Álbum gravado com o Quarteto 1111 |
O monge-músico continuou a editar, sempre inspirando-se em temas religiosos como o caso de Deus É Música (1980) ou Totus Tuus (1982), uma serenata mística que teve como ponto de partida o atentado sofrido pelo Papa João Paulo II, no Santuário de Fátima.
Em abril de 1986, esgotou o Coliseu dos Recreios durante cinco dias sucessivos.
Há cerca de quatro anos voltou aos estúdios para gravar alguns inéditos seus, como Maria da Conceição.
Gravou o Fado da despedida, que se tornou um êxito, mas que, para bem de todos nós, parece não ter colocado um ponto final à sua vasta carreira...
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